Jornadas Mundiais da Juventude fazem disparar produção de terços em Fátima

A FARUP, fábrica que produz os terços oficiais das Jornadas Mundiais da Juventude 2023, não teve mãos a medir. Recebeu milhares de encomendas, quando o evento foi anunciado para Portugal.

Lisboa será o centro do mundo católico, quando a cidade receber, em 2023, as Jornadas Mundiais da Juventude. Mas, a dois anos do evento, a procura dos terços oficiais já deixou sem mãos a medir a fábrica FARUP, em Fátima.

Um dos proprietários, Francisco Pereira, conta que a FARUP cumpriu os três critérios exigidos pela organização das Jornadas Mundiais da Juventude: produtos nacionais, sustentáveis e feitos à mão. A fábrica garantiu assim, a produção dos terços e dezenas que serão a imagem de marca das Jornadas.

A FARUP nasceu do engenho de um grupo que vislumbrou uma oportunidade de negócio com as aparições de Fátima. Numa terra pobre, aproveitaram produtos locais para fazerem terços que vendiam aos peregrinos. Durante quase 60 anos, o negócio cresceu e, actualmente, a fábrica produz outros artigos religiosos, como imagens de santos, que são exportadas para todo o mundo.

Os Estados Unidos da América são uma das apostas da FARUP. É para uma igreja em São Francisco, na Califórnia, que vão seguir oito imagens da Virgem Maria banhadas em ouro fino. Na sala de pintura, oito mulheres põem mãos à obra. Com um canivete, Isabel "abre os olhos" a Nossa Senhora de Fátima; com um pincel, Cidália coloca sombras nos olhos das figuras; com uma trincha, Magda aplica ouro no manto azul e na bola que o menino Jesus segura nas mãos. É um trabalho minucioso, que exige mãos firmes e cuidadosas. As trabalhadoras usam pó de talco, para não deixarem marcas digitais nas imagens. Os anéis não podem deixar lascas nas figuras. O ouro não deve ser desperdiçado. Numa das mesas, estão sacos com pequeninas contas que Isabel e Maria do Rosário colocam e prendem num cordel, com a ajuda de uma agulha e um alicate. O terço termina com a cruz, na qual se destacam as letras JMJ (Jornadas Mundiais da Juventude) 2023.

Quase todas de óculos e mãos sempre ocupadas, a maioria destas mulheres trabalha na FARUP há mais de 30 anos. Maria João entrou na fábrica com 16 anos, saiu para outras funções, mas garante que manteve a produção de artigos religiosos "sempre no pensamento". Regressou à FARUP em 2017, quando o centenário das aparições de Fátima exigiu o reforço dos funcionários, e continua na mesma função: pintar pastores. "Adoro, devo ser a pessoa que mais gosto de fazer isto. É mesmo arte."

O trabalho artesanal emprega 16 pessoas, e Francisco Pereira acredita que haverá sempre mercado para os artigos religiosos. "O meu receio maior é (não) encontrar pessoas com disponibilidade para aprenderem." É preciso tempo, quando "hoje se quer tudo para ontem", salienta. A formação demora anos e pelo menos até às Jornadas Mundiais da Juventude, em agosto de 2023, trabalho não vai faltar nesta fábrica de artigos religiosos.

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