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As cartas do despedimento colectivo foram chegando nos últimos meses, depois da última unidade de produção da refinaria de Matosinhos ter sido desligada no final de Abril. Esta quarta-feira, é consumado o despedimento dos cerca de 140 funcionários da refinaria.
É o fim de um ciclo para muitos trabalhadores, agora com um futuro incerto. É o caso de João Marinho. Trabalha na refinaria de Matosinhos há quase 20 anos. Hoje, deixa de trabalhar. É um dos abrangidos pelo despedimento colectivo, anunciado no ano passado, quatro dias antes do Natal. São as datas do calendário mais triste de João Marinho.
"Estamos indignados. Primeiro, ficámos atordoados, porque não estávamos à espera. Foi uma bomba, o 21 de Dezembro, o anúncio. Depois o 6 de Maio, o despedimento coletivo. Acho que o dia 15 [de Setembro] é mais o prolongar de uma angústia, mas claro, é um dia triste", lamenta.
João Marinho, de 42 anos, ouviu promessas de apoio por parte do Governo, mas, até agora, não teve nada. "Não é conhecido nem sabemos o que está projectado relativamente a isso. Não recebemos nenhum apoio. (...) O que nos foi dito é que nada sabiam, não há um plano para estes trabalhadores, não existe nada", afirma.
Ouça o testemunho de João Marinho, trabalhador da refinaria de Matosinhos atingido pelo despedimento coletivo
O prometido fundo de transição justa ainda não chegou aos trabalhadores que foram alvo do despedimento colectivo na Galp. Ainda assim, João Marinho tem esperança de voltar a ser integrado na petrolífera.
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"Nunca me vi nesta situação. Estou a tentar, eu e alguns trabalhadores, por todos os meios, que a empresa aceite a integração. É possível porque existem lugares no grupo Galp para estes trabalhadores e fizemos propostas para mais de 300 postos de trabalho", adianta.
A Comissão de Trabalhadores sempre considerou incompreensível a decisão da Galp de encerrar a refinaria em Matosinhos. A empresa energética admitiu que a decisão foi complexa, mas decidiu avançar para a concentração das operações em Sines.
Além dos cerca de 140 postos de trabalho directos, calcula-se que, com o fim da produção na refinaria de Matosinhos, sejam destruídos 5 mil empregos na Área Metropolitana do Porto.
*A autora não segue o acordo ortográfico de 1990