Portugal vai receber gás da Rússia esta sexta-feira

Uma semana depois da invasão da Ucrânia o gás natural russo continua a entrar na Europa e também em Portugal.

O porto de Sines recebe esta sexta-feira, pelas 15h00, vindo do porto russo de Sabetta, o navio tanque de gás natural liquefeito (GNL), o navio de bandeira de Hong Kong, Vladimir Vize. O navio saiu de Sabetta, no norte da Rússia, no dia 23 de fevereiro.

Este é um dos três navios-tanque de GNL que esta sexta-feira (4 de março de 2021) dão entrada no Porto de Sines, segundo a administração portuária.

Como o GNL não faz parte das sanções europeias à Rússia, o Gás natural de origem russa vai continuar a poder ser comercializado no espaço europeu e o porto de Sines é o único terminal em Portugal equipado para receber GNL.

De acordo com a Redes Energéticas Nacionais (REN), "o abastecimento de gás natural em Portugal foi efetuado integralmente a partir do Terminal de GNL de Sines durante o mês de fevereiro, registando-se inclusivamente exportações através da interligação com Espanha, equivalentes a cerca de 10% do consumo nacional".

O "gás de Sines" é proveniente da Nigéria, dos Estados Unidos e da Rússia.

Segundo o Ministério do Ambiente e Ação Climática (MAAC), "somente 10% das importações de gás natural são provenientes da Rússia", sendo 60% da Nigéria e 25% dos Estados Unidos da América.

Com uma semana de guerra, ainda é cedo para o porto de Sines sentir qualquer impacto no fornecimento de GNL. O presidente da Comunidade Portuária e Logística de Sines (CPLS), Jorge Almeida, ouvido pela TSF, adianta que "estes contratos para fornecimento de gás natural são contratos de longo prazo e mesmo a nomeação do navio e o acordo das datas é feito com bastante antecedência, por isso, não seria possível ver desde já algum impacto daquilo que poderá vir a acontecer com a crise que se está a assistir na Europa".

Jorge Almeida destaca a capacidade do terminal gerido pela REN desde 2003. "O terminal de gás natural liquefeito, que vem por navio, começou a operar em 2003 e durante o período de 2003 a 2018 cresceu a uma média anual de 7,6% atingindo em 2018 cerca de 3 milhões de toneladas por ano e a partir de 2018, devido ao aumento de fornecimento com origem nos Estados Unidos o gás natural tem vindo a crescer em Sines, entre 2018 e 2021 cresceu a uma média de 13,5% e atinge atualmente cerca de 4 milhões de toneladas por ano, o que é equivalente a 60 navios por ano".

Assim, "quer em termos do terminal (que tem capacidade para receber muitos mais navios), quer os três tanques que recebem o gás liquefeito, há capacidade. A capacidade dos tanques tem muito a ver com a rotação do gás, se houver muita procura e uma rotação rápida claramente os tanques podem ter a capacidade de servir muito mais volume de gás", salienta o presidente da CPLS.

Quanto à duplicação do terminal, o porto de Sines tem espaço para o fazer, o que é uma raridade em portos europeus" mas este investimento de 200 milhões de euros por cada tanque não se justifica se o GNL que chega a Sines continuar apenas na Península Ibérica.

"O mercado está limitado à Península Ibérica e aí dificilmente se justificará o investimento em maior capacidade mas se houver, como se espera, o investimento num gasoduto através dos Pirenéus não tenho dúvida que o aumento significativo da procura de gás natural dos Estados Unidos e da costa ocidental de África terá em Sines a porta natural de entrada e aquela que é mais eficiente; ai justifica-se aumentar sobretudo a capacidade de receção", defende Jorge Almeida.

De acordo com a REN, o Terminal de GNL é composto por uma estação de acostagem para navios com uma capacidade de 40 mil a 216 mil m3 GNL com um tempo de descarga de aproximadamente 20 horas, três tanques de armazenamento com uma capacidade comercial de 390 mil m3 de GNL e sete vaporizadores destinados à regaseificação do GNL.

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