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A Assembleia Municipal do Porto vai apreciar uma proposta do executivo liderado por Rui Moreira para que o modelo de distribuição de parte dos lucros dos jogos sociais seja alterado pelo Governo. O autarca defende que a parcela que atualmente é entregue à Santa Casa da Misericórdia, de 26%, passe a ser distribuída de forma equitativa por todos os municípios do país.
O autarca defende que a solução tem de ser revista porque é injusta. "Quando nós olhamos para aquilo que é a matriz do jogo em Portugal, desde o totoloto às raspadinhas, tudo isso está na mão da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que é uma instituição pública de solidariedade social", explica, em declarações à TSF. Depois, assinala, uma parte é remetida ao Estado, "mas [a Santa Casa da Misericórdia] fica com uma parte muito importante, com a qual desenvolve atividades relevantes em Lisboa, nomeadamente nos lares, para estudantes, para a saúde mental..."
Rui Moreira não tem "nada contra" a ideia, mas defende que deveria haver uma "redistribuição territorial por todos os concelhos, em modelos que o Governo deveria avaliar", através de indicadores que permitem inferir o nível de carência dos vários municípios. "Fica toda a estrutura humana - a Santa Casa da Misericórdia tem cerca de cinco mil quadros -, portanto já tem uma vantagem competitiva, mas fica também com a receita, que deveria ser redistribuída pelos municípios..."
Ouça as declarações de Rui Moreira.
O presidente da Câmara Municipal do Porto esclarece ainda que já tem falado sobre a solução que propõe com outros autarcas, mas que não levou o assunto à Associação Nacional de Municípios porque entende que o organismo não passa de uma extensão do Governo. O autarca do Porto admite, contudo, que, em alternativa à proposta de o dinheiro ser distribuído pelos 308 concelhos do país, as verbas possam antes serem entregue às Santas Casas espalhadas pelo país. "Não teria nenhum problema com isso, chamando a atenção, ainda assim, [para o facto de] que o território nacional não está todo coberto por Santas Casas", alerta.
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Nos concelhos em que "não houvesse tantas Santas Casas ativa", sugere Rui Moreira, as verbas deveriam ser encaminhadas para IPSS, que façam um serviço equivalente.
A TSF está, por esta altura em que é publicado este artigo, a tentar recolher uma reação a esta proposta do autarca do Porto junto da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) e também da União das Misericórdias. De acordo com dados de 2019, nesse ano, por via das receitas dos jogos sociais, a SCML arrecadou 200 milhões de euros.