"Tensão": Medina apela à "coordenação" entre política monetária e orçamental

O ministro português das Finanças admite "uma tensão" entre as políticas orçamentais e monetárias, esperando coordenação para enfrentar a inflação.

Na primeira reunião de coordenação do próximo ciclo de políticas económicas do semestre europeu, o ministro das Finanças, Fernando Medina afirma que os 27 vão discutir o impacto da inflação sobre os orçamentos nacionais e as medidas de política monetária seguidas pelo BCE.

Medina espera que os 27 se coordenem para enfrentarem o período turbulento provocado pelo impacto da inflação. O apelo do ministro das Finanças é também para que haja uma coordenação entre as opções de política orçamental e de política monetária na União Europeia.

O ministro defende opções que permitam "por um lado, combater a inflação de forma eficaz, sabendo que uma parte importante da inflação, - não toda, mas uma parte muito importante da inflação -, que nós temos deve-se à guerra, deve-se à energia e aqui a eficácia das taxas de juros é bem mais limitada na sua resolução", salientou.

"Mas, por outro lado, temos que assegurar que esse processo de subida das taxas de juros não provoque, ele próprio, uma recessão, especialmente nos países centrais da Europa, onde a fragilidade económica é hoje mais visível", apelou Fernando Medina, considerando "natural" que haja tensão na coordenação de políticas monetárias e orçamentais.

"É natural que, nestes momentos, haja uma tensão (...) entre objetivos do ponto de vista da condução das políticas", afirmou Medina, acreditando que esta "está longe de ser a única", porém, resolva que "as tensões entre as políticas orçamentais e as políticas monetárias são um clássico, nomeadamente em períodos de rápida subida das taxas de juro".

Por outro lado, "se houver descoordenação do ponto de vista da política orçamental, ignorando que estamos num processo de inflação elevada, ou do ponto de vista da política monetária, ignorando que subidas muito rápidas e contínuas trarão problemas na frente económica que depois agravarão um conjunto muito vasto de problemas", vincou Fernando Medina, admitindo que, nesse caso, "teremos muito mais dificuldades".

Os ministros das Finanças vão também discutir os projetos orçamentais de cada Estado-Membro. A falar à entrada para a reunião, Fernando Medina afirmou que o governo português apresentou um projeto de "orçamento de apoio aos rendimentos das famílias, de apoio ao investimento por parte das empresas, mas que também prossegue um esforço de redução do défice e de significativa redução da dívida pública", considerando que "é isso que protege o país num momento de grande incerteza nos mercados a nível internacional", e é "o mais adequado (...) neste momento em que é preciso coordenação entre a política orçamental e a política monetária".

"Vamos apresentar, obviamente, os nossos resultados económicos, - mais positivos no terceiro trimestre do que aquilo que muitos analistas esperavam -, que nos vão colocar, no final deste ano, com um crescimento muito significativo da nossa economia", afirmou o ministro, acrescentando que dará ainda conta "dos importantes acordos de concertação que foram estabelecidos com os parceiros sociais, também com os trabalhadores da administração pública".

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