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No discurso do novo presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, já depois de ter ocupado o lugar na tribuna do Parlamento, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros começou por agradecer ao PS "pela candidatura".
"Dirijo-me a todos, porque de todos serei o presidente", acrescentou. Augusto Santos Silva promete um mandato "imparcial, contido e aglutinador", preservando a independência e a agenda de todos os grupos parlamentares.
Augusto Santos Silva promete "colaboração" com todas as entidades que compõem a AR, "no escrupuloso cumprimento" da Constituição portuguesa. O novo presidente saúda, "especialmente, os partidos sem os quais não há democracia". "É uma honra que excede o mérito pessoal, de ocupar a mesma cadeira, onde depois da madrugada libertadora se sentou Henrique de Barros", disse.
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Sobre Eduardo Ferro Rodrigues, o novo presidente fala num "exemplo vivo", citando Ricardo Reis: "Para ser grande, sê inteiro". "Terem-me escolhido, tem um significado que me transcende. Serei o primeiro presidente com residência e atividade profissional do Porto. Aqui está representada o conjunto da nação", atira. Augusto Santos Silva lembra ainda que foi eleito pelo círculo da emigração, sendo o primeiro residente da AR nessas condições.
"Sou apenas o primeiro sopro de um vento que, estou certo, perdurará", disse, lembrando "a diversidade das ideias e territórios" da Assembleia.
Santos Silva garante que, com a sua eleição, a diversidade nacional "está fortalecida", assim como "reforçada" a influência de Portugal além-fronteiras.
"A língua que partilhamos com outros povos, das que mais cresce e que é ferramenta de milhões de pessoas. É a nossa pátria e a pátria de outros, cada povo fazendo dela pátria de cada modo. É o laço mais forte de ligação entre as diferentes pátria", diz, sublinhando a importância do português no combate ao nacionalismo.
Para ser patriota, não é ser nacionalista
Santos Silva diz que o patriota, "que ama a sua pátria", enaltece o amor dos outros pelas pátrias respetivas, ao contrário do "nacionalista, que odeia a pátria dos outros". "Para ser patriota, não é ser nacionalista. É não ter medo de abrir fronteiras, acolher migrantes e refugiados", atira.
O novo presidente da AR acrescenta que a liberdade "do poder palavra" fosse adornada "pelo cuidado pela língua em que a palavra se exprime".
Santos Silva "que fala em português", lembra que o português "não é de feição para cifrar fórmulas vazias", e evoluiu em encontros.
"O sinal de pontuação de que a democracia mais precisa é o ponto de interrogação. O que mais dispensa, é o ponto de exclamação", acrescenta.
Santos Silva explica que "a interrogação convida a ouvir as várias vozes", fechando espaço aos dogmatismos: "a palavra cria e partilha as ideias". O presidente da AR lembra que o Parlamento "tem a palavra livre".
"Todas as ideias podem ser trazidas, mesmo as que contestam a democracia. Essa é a mais óbvia vantagem da democracia sobre a ditadura", diz.

© Leonardo Negrão/Global Imagens
Santos Silva acrescenta ainda que "o discurso do insulto e da discriminação" não será aceite e não tem lugar no Parlamento: "O único discurso proibido é o discurso de ódio", afirma, levando a um grande aplauso da bancada do PS, mas incluindo também do PSD e IL.
O presidente da AR lembra que Portugal já ultrapassou mais dias em liberdade do que em ditadura, na semana passada, antes de introduzir a problemática da guerra no leste da Europa.
"Todos os temas relevantes são aqui trazidos e discutidos, mas o debate parlamentar tem de ter respeito pelos mandatos de todos os votos dos portugueses, assim como respeito pela vontade popular", acrescenta. Santos Silva diz, no entanto, que o número de cada deputado por grupo parlamentar não coloca em causa "o exercício livre de cada mandato".
"A melhor maneira de promover o debate em detrimento do insulto, é não lhe conceder mais relevância do que aquela que o povo português lhe quis atribuir", conclui.

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Augusto Santos Silva, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, é o novo presidente da Assembleia da República depois da eleição com 156 votos. Na votação, teve ainda 63 votos brancos e 11 nulos.
Em 2019, outro socialista, Eduardo Ferro Rodrigues tinha conseguido 178 votos a favor, 44 contra e oito nulos, resultado superior, em 58 votos, ao da primeira eleição em 2015, quando a eleição de Ferro Rodrigues simbolizou o primeiro entendimento entre o PS e os partidos da esquerda parlamentar para derrotar o candidato então apresentado pelo PSD Fernando Negrão.

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