Azeredo Lopes sai "de cabeça levantada" e "sem reparo". Defesa diz que processo foi uma "vergonha"

O antigo ministro, absolvido esta sexta-feira no processo de Tancos, garantiu que foi provado em tribunal que não houve qualquer problema ético na sua atuação. O advogado de Azeredo Lopes imputou culpas ao Ministério Público e polícia pelo encaminhamento deste processo.

O ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes mostrou-se satisfeito com a absolvição de todos os crimes de que era acusado no julgamento do processo de Tancos, sublinhando ter saído do Tribunal Judicial de Santarém com "a cabeça levantada".

"Entrei neste processo com a cabeça levantada, passei por este processo com a cabeça levantada e saio deste processo com a cabeça levantada, o que era, para mim, muito importante. Em segundo lugar, tanto o Ministério Público como o coletivo confirmaram plenamente aquilo que sempre disse e que era a verdade. É importante verificar que saio deste processo sem reparo", declarou aos jornalistas à saída do julgamento.

O antigo governante era um dos 23 acusados no processo do furto e recuperação de armamento dos paióis de Tancos e garantiu que não apresentou a sua demissão do executivo "por processo nenhum" e que essa decisão de deixar o Governo foi tomada "em consciência". Por outro lado, reiterou não ter havido da sua parte "qualquer falha ética".

Azeredo Lopes, que se demitiu do cargo na sequência do processo, estava acusado e pronunciado por quatro crimes: denegação de justiça e prevaricação, favorecimento pessoal praticado por funcionário, abuso de poder e denegação de justiça.

Em sede de alegações finais, o Ministério Público tinha pedido a absolvição do antigo governante - e de mais dez arguidos -, considerando que a conduta do ex-governante se pautou apenas por uma "omissão do ponto de vista ético", ao não diligenciar no sentido de ser levantado um processo disciplinar aos elementos da Polícia Judiciária Militar.

"Não foi menos importante para mim o facto de verificar que, tanto o Ministério Público, como depois o coletivo propriamente dito, confirmou plenamente aquilo que eu sempre disse que era a verdade e o que tinha feito ou tinha deixado de fazer. Saio deste processo sem reparo. Isso para mim, individualmente, é muito importante."

O antigo governante diz que não teve de se demitir por causa do processo: "A decisão que eu tomei foi uma decisão que tomei em consciência e não tenho sequer que a comentar."

Para Germano Marques da Silva, advogado de defesa do antigo ministro, "este processo é uma vergonha, do princípio ao fim", e só foi possível graças à "incompetência" de todos os que intervieram no processo, como a PJ e o Ministério Público. O advogado defendeu que não basta reformar os códigos da Justiça, que é necessário exigir que as pessoas sejam "competentes e responsáveis pelas asneiras que fazem".

"Não sei se [houve] motivações políticas. [Houve] pelo menos incompetência de todos os que intervieram no processo até ao inicio do julgamento - Polícia Judiciária, Ministério Público, Juízo de Instrução", disse o advogado, apelando a uma reforma da Justiça.

O advogado admitiu ainda não saber se havia motivações ocultas que levaram à implicação de Azeredo Lopes no processo: "Não sei quais são as motivações, os motivos podem ser os mais variados." No entanto, garantiu que o caso assentava em "construções fantasiosas" e que "não havia provas" da culpa do ex-ministro.

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