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O BE perguntou esta quarta-feira ao Governo como pretende garantir o pagamento da totalidade dos salários em atraso aos trabalhadores da Groundforce, avisando que adiar uma solução definitiva pode empurrar a empresa para uma possível insolvência.
Um dia depois de a coordenadora do BE, Catarina Martins, ter defendido que, independentemente do apuramento das responsabilidades do acionista privado, a solução para Groundforce deve passar pela nacionalização, o BE entregou esta quarta-feira no parlamento uma pergunta dirigida ao Ministério das Infraestruturas e Habitação sobre os salários em atraso e risco de insolvência na empresa.
"O Governo não pode continuar a adiar uma solução definitiva para a empresa, empurrando a Groundforce para uma situação insustentável, precipitando uma possível insolvência ou uma venda ao desbarato a grupos de investidores privados", avisou o partido.
Assim, os bloquistas querem saber como é que o Governo pretende "garantir o pagamento da totalidade dos salários em atraso aos trabalhadores".
"Que soluções tem pensadas para não permitir que a partir de dia 12 de março [sexta-feira] possa existir incumprimento e consequente falha no acesso ao apoio à retoma progressiva", questionou.
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O BE, através da deputada Isabel Pires, questiona a tutela de Pedro Nuno Santos sobre como é que prevê que "a TAP seja capaz de responder ao aumento do tráfego aéreo previsto para maio" sem assegurar a capacidade operacional e financeira da Groundforce, recordando que esta empresa já perdeu mais de mil trabalhadores este ano.
"Ao dia de hoje, a Groundforce continua sem dinheiro para pagar salários aos seus 2400 trabalhadores. O acordo que permitiu pagar 500 euros a cada trabalhador, embora positivo, não trouxe uma solução definitiva que permita assegurar a subsistência da empresa ao período de crise provocada pela pandemia", lamentou.

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A pergunta dos bloquistas referiu ainda que "a Groundforce é a maior empresa de handling do país e nuclear para a atividade da TAP e para o sector da aviação".
"Em contradição, a secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, veio afirmar que prevê abrir fronteiras e o turismo no início de maio. Fica por explicar como pretende o Governo responder ao aumento do tráfego aéreo sem a maior empresa de handling do país", pode ler-se na mesma pergunta.
Na terça-feira, em comunicado, a Comissão de Trabalhadores (CT) da Groundforce considerou que precisamente a nacionalização é a única hipótese de segurar a empresa e salvaguardar os postos de trabalho, tendo marcado uma nova manifestação para quarta-feira, em frente à residência oficial do primeiro-ministro.
Na reunião de segunda-feira, Pedro Nuno Santos informou a CT e os sindicatos que representam os trabalhadores da Groundforce de que as ações da Pasogal, que detém 50,1% da empresa, já estão penhoradas, não podendo ser dadas como garantia para receber um adiantamento da TAP de cerca de dois milhões de euros, para pagar os salários aos 2.400 trabalhadores, que já não receberam os ordenados de fevereiro.
Esta informação foi dada por Alfredo Casimiro, dono da Pasogal, ao fim de vários dias de negociações com o Ministério das Infraestruturas, em que concordou ceder as ações como garantia para viabilizar a empresa.
Os órgãos representativos dos trabalhadores ficaram também a saber na reunião que o Governo "não descarta medidas para salvar a continuidade da empresa, mas também não descarta a insolvência" e que, sem a garantia da entrega das ações, não poderá haver injeção de capital.