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O PAN não compreende a postura da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), que exortou a que não se votasse no PS, visto que o Partido Socialista já piscou o olho ao PAN, para uma possível negociação pós-eleitoral. Inês Sousa Real, entrevistada por Fernando Alves, na Manhã TSF, defendeu a necessidade de ser dedicado um outro olhar sobre o mundo rural, e, sobretudo, rejeitou a ideia de que o PAN possa ser um partido tóxico.
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"O que o PAN quer combater é precisamente a toxicidade, quer na política, quer nas políticas postas em prática", declarou a dirigente do Partido Pessoas-Animais-Natureza. Inês Sousa Real sustenta que é o programa do PAN que apresenta as melhores propostas e se bate pelas mais exemplares práticas de agricultura e gestão da floresta, o que a leva a pensar que "a CAP claramente não está ao lado dos pequenos produtores, que deveriam estar a ser protegidos".
Ouça a entrevista de Fernando Alves com Inês Sousa Real.
A líder partidária deixa, por isso, um apelo: "Aconselhava a CAP a ler o programa do PAN." Neste documento, salienta Inês Sousa Real, fica comprovado que o partido não tem, ao contrário das restantes forças políticas, um "negacionismo".
"Há um negacionismo por parte dos outros partidos, que continuam a não querer ver o elefante na sala", afiança a também deputada. Para Inês Sousa Real, é evidente que "mais nenhuma força política acompanha as medidas" que o PAN propõe, o que desaguará na "perda de território, de solo e da água, que é um bem escasso", e num falhanço na transição verde.
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A dirigente do PAN salienta que os restantes partidos têm "uma visão redutora que não se coaduna com a maior crise que já vivemos, que é a crise climática".
"Não podemos continuar a ter uma visão conservadora do mundo rural, procurando reduzi-la à tauromaquia, à caça e outras atividades." Em contraste, o que sugere a parlamentar é a perspetivação de "uma nova era, na agricultura e na gestão florestal", com o aproveitamento dos fundos comunitários no valor total de 52 mil milhões de euros, se somadas as quantias de todos os programas, como o PRR, a Política Agrícola Comum e Portugal 2030. Investir no país, para caminhar no sentido de uma transição digital e verde, é a motivação maior do PAN.
Apelos ao voto útil
Inês Sousa Real não se sente atacada de cada vez que é feito um apelo ao voto útil, mas não deixa de referir que considera ser um pedido que espoleta o empobrecimento democrático. "Não se trata de nos sentirmos acossados. Sentimos que não reforça a democracia existir apenas um apelo ao voto útil, numa bipartidarização PS/PSD, que tem sido um bloco central que tem permitido retrocessos no nosso país, como, por exemplo, o fim dos debates quinzenais."
"As pessoas devem entender o voto útil como um voto nas causas em que acreditam e em que se reveem, e dar oportunidade a novas forças políticas como o PAN, que tem feito a diferença na Assembleia da República", reforça.
E a leitura da atualidade e o retrato social numa primeira página do Jornal de Notícias falam das causas que o PAN se propõe defender. Inês Sousa Real faz menção ao aumento das crianças na pobreza e sem acesso à educação, plasmado na primeira página do JN. "Tanto temos debatido no país a necessidade de aumentarmos, quer o ordenado mínimo, quer de revermos as taxas e apoios sociais. Não nos podemos esquecer de que há mais de 60 mil crianças a receber RSI em Portugal." E este é um apoio que não supre todas as carências, atira. "Não dá muitas vezes sequer para assegurar os cuidados alimentares."
A jogada ao ataque por parte do CDS
Dizendo pretender uma reforma dos apoios sociais, para reparar o "elevador social que tende a estar parado no país", uma revisão dos escalões do IRS, para aliviar as famílias, e a ponderação da carga fiscal para as pessoas, a dirigente do PAN ilustra a "postura muito responsável" da força política ecologista na Assembleia da República, com um trabalho desenvolvido no sentido de permitir que o OE pudesse passar para a especialidade. Por isso, não compreende e rebate as críticas do líder centrista, que apontou o dedo ao PAN dizendo que este "recente fenómeno político" não defende os reais interesses da ruralidade.
"Francisco Rodrigues dos Santos tem as prioridades trocadas, porque o PAN tem sido um partido que tem apelado à não violência, nomeadamente naquilo que têm sido os ataques do CDS no que respeita à tauromaquia, pelo fim das atividades tauromáquicas no nosso país." E ainda remata: "Não deixa de ser curioso que, em vez de propostas, haja partidos que tenham para oferecer, em plena campanha eleitoral, ataques políticos."