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O presidente do PS, Carlos César, acusou esta segunda-feira o Bloco de Esquerda (BE) e o Partido Comunista Português (PCP) de terem preferidos "os jogos de poder" no seguimento do anúncio, de ambos os partidos, do voto contra o Orçamento do Estado para 2022 e questiona: "Que mais podiam fazer o governo e o PS?!"
Numa publicação no Facebook - acompanhada de uma fotografia de um jogo de damas - Carlos César escreve que "podia, até, ser um jogo do gato e do rato entre PCP e BE. Mas não. O jogo era outro!"
O presidente socialista argumenta que "de cada vez que o governo avançava nas negociações ou se aproximava de um acordo, eles faziam por ignorar ou davam novos passos adiante para ficarem sempre mais longe de um consenso mínimo. Procuraram sempre uma agenda inaceitável e irrealizável no curto prazo e num país como o nosso. Bastou ouvir, também o PCP, a dizer que exigia, já no próximo dia 1 de janeiro, a atualização do salário mínimo nacional para 850 euros (se assim fosse, íamos ver pequenas e médias empresas a caírem, um pouco por todo o país, como castelos de cartas, transformando salários em subsídios de desemprego e falências empresariais)".
Na mesma publicação, César aproveita a posição do PCP, que tinha dito que só por um "golpe de mágica" seria possível chegar a acordo no exercício orçamental, para responder à letra: "De facto, só 'por magia', por 'magia negra', era possível contornar essa via de insensatez."
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"Ninguém ganha com a reprovação do Orçamento de Estado: muito menos o nosso país", considera Carlos César, que destaca a necessidade de "prosseguir sem interrupção, com normalidade e com confiança a concretização dos novos projetos de investimento e das medidas do Orçamento e do PRR. Não devia nem tinha que ser assim".
O PS, garante, "continuará a trabalhar para recuperar Portugal e prosseguir na consolidação do percurso de crescimento que já estamos a fazer, com a liderança competente e rigorosa do nosso primeiro-ministro António Costa".
"Cá estamos e cá estaremos, respeitando a vontade do povo", remata, numa altura em que o país pode estar a caminho da dissolução da Assembleia da República e da marcação de eleições.
Ao início da tarde desta segunda-feira, o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, lamentou a decisão do PCP de votar contra a proposta de Orçamento do Estado, considerando que o Governo nunca antes tinha ido tão longe nas negociações com os comunistas.
Este domingo, o Bloco de Esquerda também já tinha anunciado o voto contra, na generalidade, o Orçamento do Estado para 2022, o que inviabiliza a aprovação da proposta na próxima quarta-feira.
"O Governo lamenta a posição do PCP. Nunca tínhamos ido tão longe no diálogo com o PCP como neste Orçamento", declarou Duarte Cordeiro, após ter saudado as posições do PAN e das deputadas Joacine Katar-Moreira e Cristina Rodrigues, que anunciaram a abstenção na votação de quarta-feira na generalidade.

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Na mesma conferência de imprensa, Duarte Cordeiro garantiu que o Governo tem disponibilidade para continuar a negociar o Orçamento, mas defendeu que não podem ser criadas "ilusões", sendo também confrontado com a declaração desta manhã da coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, que disse estranhar a "indisponibilidade" do Governo para continuar a negociar o Orçamento até quarta-feira, dia da votação do diploma na generalidade.
"O Governo está disponível para negociar até à votação, mas não podemos criar ilusões", respondeu, considerando que o Bloco de Esquerda está "fechado" numa lógica de "tudo ou nada" face a nove propostas que apresentou para negociação - e ainda não deu qualquer sinal de mudança face a essas condições negociais.