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A deputada do PS Alexandra Leitão considera que ainda há muito para esclarecer sobre o caso da indemnização de meio milhão de euros atribuída a Alexandra Reis quando saiu da TAP. No programa O Princípio da Incerteza, da TSF e CNN Portugal, Alexandra Leitão diz que o esclarecimento da TAP sobre este assunto é frágil e, por isso, são precisas mais explicações.
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"Se o comunicado pretendeu resolver o problema, só piorou, porque o comunicado revela inúmeras fragilidades jurídicas. Se somarmos as inúmeras fragilidades jurídicas que o comunicado revela com uma questão política e ética que se sobrepõe a tudo, que é o facto de esta pessoa ter uma indemnização como esta por quatro ou cinco anos de trabalho na TAP e ter sido a cara das negociações dos despedimentos e cortes de salários aos trabalhadores que tiveram que os aceitar para reestruturar a TAP, é absolutamente inevitável a sua saída e foi tarde", considera Alexandra Leitão.
"A senhora engenheira é convidada não para uma área do Governo completamente diferente, como a Saúde ou a Educação, mas é convidada para tutelar a empresa de onde saiu com uma indemnização de meio milhão de euros. Se isto não faz soar campainhas, eu não sei o que pode fazer soar campainhas", sublinha.
Ouça as declarações de Alexandra Leitão
Para a deputada socialista, o executivo de António Costa fica mais fraco sem Pedro Nuno Santos, mas admite que o ministro das Infraestruturas não tinha condições para continuar no Governo.
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"Tal como as coisas aconteceram tinha que sair. Agora, eu não tenho dúvidas de uma coisa: com a saída de Pedro Nuno Santos, o Governo fica mais fraco, porque perde um dos ministros com um ímpeto reformista e com coragem política."
Também António Lobo Xavier referiu que seria inaceitável se Pedro Nuno Santos não abandonasse o Executivo.
"Eu não vejo, no caso de Pedro Nuno Santos, como apoiar ou não denunciar esta coisa inacreditável que é ele fingir que está simplesmente a assumir uma responsabilidade política no sentido de uma responsabilidade objetiva que não lhe caberia, mas que dignamente assume, confrontando-se até subtilmente com outros antecedentes como o nosso amigo Jorge Coelho. O ministro Pedro Nuno Santos é totalmente responsável pela TAP, pelo que se passa na administração da TAP, pelo que faz o seu secretário de Estado em matéria da TAP. Seria absolutamente inaceitável que não assumisse uma responsabilidade subjetiva", defende.
Já sobre Fernando Medina, Lobo Xavier considera que seria exagerada a saída do governante com a pasta das Finanças. "Acho um exagero pedir a saída do ministro Fernando Medina. Já estão esclarecidos os factos e o calendário e é aceitável ou compreensível que não soubesse exatamente os detalhes, embora já não seja aceitável que não façam o escrutínio profundo das pessoas, mas esse é o defeito original do Governo."
Ouça aqui as afirmações de António Lobo Xavier
Por outro lado, Pacheco Pereira não concorda com a demissão do ministro das Infraestruturas. O historiador considera que o primeiro-ministro deveria ter agido assim que estalou a polémica.
"O primeiro-ministro nesse dia devia ter reunido com os ministros envolvidos, com a pessoa envolvida, devia ter perguntado exatamente o que aconteceu, quem sabia e quem não sabia e devia tomar a decisão de afastar de imediato a secretária de Estado do Tesouro. O ministro Pedro Nuno Santos não tinha nenhuma razão para se demitir. Na verdade, esta crise não tem sentido chegar ao topo do Governo, tem sentido de ficar ao nível da secretária da Estado, mas é tudo frágil", afirma.
"E mais: no pedido da demissão, aí sim é uma preocupação, porque, a partir do momento em que a gente aceita como verdade que ambos não sabiam ou não tinham consciência da gravidade do que estava a acontecer, não se justificava a demissão nem do ministro das Finanças nem do ministro das Infraestruturas", acrescenta.
Ouça aqui as declarações de Pacheco Pereira
António Costa prometeu avançar já esta semana com nomes para o lugar deixado vago por Alexandra Reis no Tesouro e por Pedro Nuno Santos nas Infraestruturas.