Costa afasta Cavaco dos Presidentes de referência e volta a falar na "confiança" conquistada por Marcelo

Mário Soares, Ramalho Eanes, Jorge Sampaio e Marcelo Rebelo de Sousa. É este o grupo restrito eleito por António Costa, que os elogia por motivos distintos, mas os faz convergir na Presidência de referência.

António Costa assegurou, na intervenção pós-debate, que não trouxe o Marcelo Rebelo de Sousa para a campanha, e que apenas se limitou a responder à pergunta da jornalista durante o debate, dizendo que o Presidente da República é um chefe de Estado "querido e respeitado pelos portugueses e que garante o controlo da ação governativa".

Respondendo ao confronto acerca das declarações sobre Cavaco Silva, Costa diz ser consensual que os grandes merecedores de respeito são Ramalho Eanes, "fundador e estabilizador da democracia", Mário Soares, que possibilitou uma grande proximidade entre a Presidência e os portugueses, Jorge Sampaio, "saudoso", pela sua "forma elevada" de projetar Portugal, e Marcelo, que "tem merecido repetidamente" a confiança dos portugueses.

Para o secretário-geral do PS, "significativo foi o PSD estar ausente", já que este é um partido que deve esclarecer para que é que se vai governar: se o rendimento dos portugueses começa a melhorar em 2025/2026 ou agora. No seguimento do debate para as rádios, Costa asseverou que o PS estipulou um compromisso claro para 2022, com a proposta de descida no IRS para os jovens e para as famílias e com a proposta de subir o salário mínimo nacional de forma faseada até aos 900 euros.

Outra das medidas que distancia os socialistas do PSD, vinca, é a de diminuir o IRC sempre que as empresas aumentem os salários. O PSD, por outro lado, opta por baixar indiscriminadamente o IRC para as empresas, independentemente do que façam.

"O PSD não defende o aumento do salário mínimo", atira Costa, que exorta a que Rio esclareça as grandes opções que estão em cima da mesa, como o futuro do SNS. Para Costa, não há dúvidas: que este seja "tendencialmente gratuito para todos os portugueses", em contraste com a vontade do PSD de eliminar esse "tendencialmente gratuito" e colocar a classe média a pagar.

Reagindo às declarações de João Oliveira, que tentou colocar contra a parede o líder do Governo, Costa sustenta: "O PCP é que devia explicar por que resolveu divergir", sobretudo quando isto ocorre "no momento mais grave", em plena crise económica e pandémica.

Costa voltou a dizer que a esquerda, com o chumbo do Orçamento do Estado, comprometeu o aumento extraordinário das pensões já este mês. "O PCP não consegue explicar porque divergiu." Também neste mês "os pensionistas já estavam a receber os aumentos", os portugueses já tinham visto reduzidos os seus impostos, caso o OE fosse aprovado. Com o chumbo do OE ocorreu a consequência que já era esperada por todos: a convocação de eleições. O primeiro-ministro argumenta que "nenhum português de bom senso compreende" esta crise política em que os "partidos juntaram-se, não para uma maioria de governo, mas de desgoverno".

Já os partidos de esquerda "podiam ter-se abstido, não precisavam de votar a favor".

Costa também volta a frisar que a estabilidade para os próximos quatro anos passa por maioria, e refere que, "sendo seis ou oito, [os restantes partidos] só se entendem a atacar o PS, entendem-se contra".

Voltando à velha máxima de que o PS é partido responsável, capaz de virar a página da austeridade mas garantindo o excedente orçamental, Costa atira: "Pelo PS, a crise política termina na noite de 30 de janeiro. Já perdemos todos tempo a mais."

O primeiro-ministro alerta que ainda há "números muito graves de Covid-19", e que a pandemia ainda não acabou, pelo que falta fazer um "esforço muito grande" para reparar as máculas que esta crise deixou. Andar "de crise em crise" e de microciclos de dois em dois anos não é uma solução viável, defende.

Atacando também a direita, Costa diz que Rio não é consequente com as suas declarações ("a prisão perpétua já não é prisão perpétua), e a defesa da taxa única para o IRS é "totalmente inaceitável".

"Qual é a sociedade europeia em que isto acontece?" Costa garante que há contradições nesta proposta e que a direita começa a patinar quando alega o "sistema misto".

"Temos de ter um sistema de Segurança Social estável, sólido", de forma a assegurar o direito à pensão como um direito para todas. "Como seria esta pandemia sem um Serviço Nacional de Saúde?"

Costa volta a exortar a que os portugueses meditem sobre a questão de ter sido a esquerda a provocar esta crise política. Sobre o sucesso da geringonça, firmada em 2015, o líder do Governo reconhece: "Eu hoje não posso dizer a mesma coisa."
LEIA AQUI TUDO SOBRE AS LEGISLATIVAS DE 2022

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