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António Costa desafiou Inês Sousa Real a admitir se está "mais próxima do PS ou do PSD", defendendo que as propostas dos social-democratas para o ambiente "são um enorme retrocesso", como o descongelamento da plantação de eucaliptos. A líder do PAN tem admitido conversar, tendo em vista a viabilização do Governo, tanto com o PS como com o PSD.
No debate que colocou frente a frente António Costa e Inês Sousa Real, num tom sempre cordial, o atual primeiro-ministro enalteceu o papel do PAN nas negociações para o Orçamento do Estado. O PAN optou pela abstenção, e a par do PS, foi o único partido que não votou contra, com Costa a recordar que ambos "não contribuíram para esta crise política absurda".
Ouça as principais declarações do debate
Inês Sousa Real concordou, e defendeu que o PAN "tem tido um atitude construtiva e responsável" nas duas legislaturas, desde que está na Assembleia da República.
Já no que toca ao debate político, o socialista admitiu que Inês Sousa Real se coloca "numa posição equidistante entre PS e PSD".
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"Tenho dificuldade em compreender. O PSD tem duas medidas que são um enorme retrocesso. A liberalização da plantação dos eucaliptos em Portugal é uma ameaça para a transição climática e acresce o risco de incêndio florestal. Em segundo lugar, em matéria de proteção animal, o PSD vem dizer expressamente que quer retirar os animais de companhia da tutela o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF)", lembrou.

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Inês Sousa Real admitiu que "tem uma visão completamente distantes do PSD", no entanto, "PS e PSD quando precisam de dar mão para fazer alguns retrocessos não se inibem". Com Costa a garantir que "não houve nenhum retrocesso" em matéria de proteção animal.
O lítio foi outro dos temas que separou António Costa e Inês Sousa Real, com a líder do PAN a criticar os contratos feitos pelo Governo, "com uma visão errada".
"Precisamos de encontrar alternativas energéticas que transitem para uma energia mais limpa e verde, conjugando as diferentes formas de produção. O que não pode acontecer é a opacidade dos contratos, que foram recentemente assinados, e é preciso saber se vão existir contrapartidas caso a avaliação de impacte ambiental for negativa", atirou.
António Costa garantiu que "todos os contratos dizem que não pode haver exploração sem estudo de impacte ambiental" e não preveem qualquer contrapartida. O primeiro-ministro acrescentou que "o contrato pressupõe o estudo, e só pode ser executado com o estudo".

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Sobre a construção do novo aeroporto, António Costa reforçou que "não há mais nenhuma opção" além de Montijo e Alcochete, que podem funcionar complementando com o Aeroporto Humberto Delgado, apesar de o PAN defender a utilização do aeroporto de Beja, com recurso à ferrovia.
O primeiro-ministro recordou que "o país está há quase 60 anos a discutir o tema e nunca tomou uma decisão", com o atual Governo a herdar a decisão de Passos Coelho, "mas depois da mudança de posição do PSD" foi pedido um novo estudo de impacte ambiental "que está a decorrer".
Inês Sousa Real, por outro lado, lembrou que "a subida média das águas vai afetar a zona ribeirinha" e o local onde se prevê a construção do aeroporto do Montijo. "Se calhar, daqui a 30 anos, teremos de fazer uma visita ao local, mas de galochas e impermeável porque a zona vai estar inundada", atirou.