Cravinho garante que não sabia de problemas judiciais de sócio que conhece "há muitos anos"

Ministro confirma ter desde 2015 uma participação de 20% na Eurolocarno, recusa ser associado ao sócio fundador que lesou o fundo de resolução do Novo Banco e garante que não sabia da condenação por fraude fiscal de Marcos Lagoa.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, garante que desconhecia a existência de quaisquer problemas judiciais com Marcos Lagoa, seu sócio na empresa Eurolocarno, apesar de o conhecer "há muitos e muitos anos".

Confrontado em Bruxelas com a notícia avançada pela CNN Portugal de que detém uma sociedade imobiliária com um sócio condenado por fraude fiscal, Cravinho confirmou que tem uma participação de 20% na empresa desde 2015, mas garantiu não ter conhecimento de questões judiciais.

"A partir de 2015 tornei-me sócio, mas nunca tive responsabilidade de gestão" na sociedade imobiliária que "compra e vende" imóveis, explicou.

"Desconhecia por inteiro", garante, que "aparentemente um dos sócios teve problemas de natureza fiscal", mas que "nada têm a ver com a empresa".

Acontece que um dos fundadores desta empresa, António João Barata da Silva Barão, é protagonista de um negócio que lesou o fundo de resolução do Novo Banco em 260 milhões de euros. Este fundador da empresa acabaria por sair em 2015 e Gomes Cravinho nega qualquer ligação.

"É inteiramente difamatória a associação a uma pessoa que era um antigo proprietário de uma empresa que foi adquirida", assinala, realçando ser uma pessoa que não conhece e com quem nunca contactou. "Nenhum dos sócios o conhece ou teve contacto com ele", acrescentou também.

Depois da saída de Silva Barão, foi Marcos Lagoa - entretanto condenado por fraude fiscal num processo que remonta a 2012 - quem assumiu a gerência da sociedade.

Lagoa está envolvido na venda de um imóvel dos CTT, em Coimbra, por perto de 15 milhões de euros ao fundo de investimento que geria, e que o revendeu no mesmo dia por 20 milhões. Um dos 11 arguidos do processo CTT, foi condenado a pagar 20 mil euros ao Estado e é suspeito de ter recebido uma comissão dos vendedores.

É este caso que Gomes Cravinho diz desconhecer, referindo-se ao mesmo como "problemas de natureza fiscal" que "desconhecia por inteiro" por parte de um dos sócios.

"Conheço Marcos Lagoa há muitos e muitos anos, desconhecia qualquer problema que tivesse com a justiça", garantiu o ministro, de natureza "judicial ou fiscal".

Já a empresa Eurolocarno "nunca teve qualquer problema legal, tem os impostos em dia e não tem dívidas à Segurança Social". Sobre a sua situação, Cravinho assegura que em "sucessivas declarações" comunicou ao Tribunal Constitucional "uma participação de 20% e não maioritária".

A Eurolocarno é, nas palavras do ministro, uma empresa de "gestão imobiliária, constituída para comprar e vender imóveis" sobre as qual "nunca" teve responsabilidades de gestão.

Trata-se de "apartamentos, imóveis normais de mercado um pouco por todo o lado", arriscando dizer que a atividade será "maioritariamente em Lisboa", embora não tenha conhecimentos destes dados.

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