O presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva
Assembleia da República

Direita democrática sem pudor em "aliança com a direita extrema se for o preço a pagar pelo poder"

O presidente da Assembleia da República esteve na Associação 25 de Abril para um almoço com alguns dos capitães que fizeram a Revolução. Na presença daqueles que derrubaram o Estado Novo, Santos Silva falou do ressurgimento do fascismo nos dias de hoje e deixou avisos sobre o contágio à direita democrática.

O presidente da Casa da Democracia foi à Casa da Liberdade para um almoço com aqueles que, no passado, fizeram o 25 de Abril... mas os recados que deixou foram para o presente e para o futuro.

Falando sobre o momento difícil que o país vive, Augusto Santos Silva referiu a importância da estabilidade do Governo, mas também da oposição.

"Por escolha soberana do povo português, os dois partidos que alternam no governo obtiveram mais de dois terços dos votos e têm mais de nove décimos dos deputados representados na Assembleia da República", sublinhou.

"Devemos todos respeitar essa composição decidida pelo povo, não sobrevalorizando aqueles que o povo não quis valorizar", defendeu o presidente da Assembleia da República, que considera que se deve manter os extremos no lugar que lhes foi reservado.

Santos Silva reforça que é importante ter o país "organizado em termos de duas grandes forças alternativas de centro-esquerda e centro-direita, contendo, portanto, os extremos na representação que a população portuguesa, soberanamente, lhes atribuiu".

Questionado, por um dos militares presentes, sobre como olha para a vitória da extrema-direita em Itália, Santos Silva fala numa realidade "dolorosa", mas que tem de se constatada.

Para o presidente da Assembleia da República, a responsabilidade cabe também à esquerda, que não conseguiu unir-se e deixa um aviso: "Aquilo a que nós assistimos na Suécia, aquilo a que nós assistimos na Itália, vamos assistir noutros países".

"É a direita democrática a não ter nenhum pejo a aceitar a aliança com a direita extrema se esse for o preço que tiver de pagar para voltar ao poder", atirou.

A importância da luta social, a necessidade de olhar a longo prazo nas políticas públicas e a ameaça nuclear russa foram outros dos temas em cima da mesa, no almoço que se prolongou tarde dentro.

Na despedida, Santos Silva levou com ele uma medalha dos 48 anos da Associação 25 de Abril e uma "provocação" do militar Vasco Lourenço.

"Já tivemos aqui pessoas de várias naturezas e um deles, que esteve aqui num debate, acabou por chegar a Presidente da República", recordou. "Não sei se isso se vai repetir ou não, o problema é dos portugueses e é do próprio. Sei que é uma das questões que andam por aí", referiu. Quanto à resposta de Augusto Santos Silva, essa ainda não foi desta que chegou.

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