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Vários membros da Comissão Política Nacional do PAN renunciaram ao cargo na estrutura do partido, com alegações de "total asfixia democrática interna", lê-se num comunicado a que a TSF teve acesso.
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Entre as causas para a saída em bloco estão o chumbo da proposta para "a realização de um Congresso Electivo Extraordinário com vista à discussão e balanço das eleições legislativas de 2022 e rectificação dos estatutos". Este domingo, a direção de Inês de Sousa Real tinha remetido a eventual realização de um congresso para depois de uma auscultação das bases do partido, que deve ocorrer nos próximos meses.
Entre os demissionários estão "o porta-voz regional e Deputado à Assembleia da Região Autónoma dos Açores, Pedro Neves; o porta-voz regional e cabeça de lista pela Região Autónoma da Madeira, Joaquim de Sousa; o ainda deputado à Assembleia da República e membro da Comissão Distrital de Lisboa Nelson Silva e vários representantes e membros de comissões distritais e regionais entre os quais Paulo Baptista e Ricardo Cândido, de Faro; Sónia Domingos, dos Açores, Vítor Pinto, de Setúbal, Carolina Almeida, de Viseu, Fábio João, de Castelo Branco e o membro da mesa da direção, Jorge Alcobia".
Nelson Silva afirma que o PAN fica sem um debate alargado sobre o resultado eleitoral e deixa críticas às direção do partido.
Os demissionários defendem que só um Congresso, "pela amplitude de debate que proporciona entre todos os filiados", garante uma discussão "realmente global e que ratifique os Estatutos que não foram aprovados pelo Tribunal Constitucional".
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No comunicado divulgado é também apontada "falta de maturidade e lucidez política" na análise dos resultados das legislativas, por sustentar "as causas da dramática descida de votos, sobretudo, em externalidades".
"Apenas uma entropia pode justificar a resistência em não querer reconhecer os próprios erros: uma mensagem de posicionamento político difuso após eleições, uma estratégia de comunicação e design falhadas e completamente contrárias às soluções internas que tinham sido bem sucedidas no passado, a aposta num discurso de campanha monotemático e repetitivo e o pouco espaço deixado para o PAN continuar a ser disruptivo, mantendo, assim o eleitorado jovem que acabou por fugir para outros quadrantes partidários", apontam os agora ex-membros da comissão política, que criticam a "pouca disponibilidade da Comissão Política Permanente (CPP)" para debater.
À TSF, o demissionário acusa a direção do partido de recear o escrutínio.
Os críticos da direção expressam ainda "total desagrado" por esta ter delegado à CPP um "livre-trânsito para auscultar de forma interrogatória as assembleias de filiados, relativamente aos resultados e direção a seguir, sem a ingerência dos representantes eleitos por cada comissão distrital e regional", algo que dizem atropelar "a competência e confiança de quem trabalhou sempre lado a lado com todos os filiados, na rua, em programas eleitorais, em congressos e que foi fiel depositário das mensagens de descontentamento de muitas concelhias e distritais pelos resultados obtidos".
O grupo demissionário considera que ouvir as bases e estar aberto ao diálogo é sempre "louvável", mas a "auscultação aos filiados não é suficientemente democrática e politicamente consequente", uma vez que só o Congresso do partido"oferece condições para que da discussão se retire todas as consequências políticas", incluindo as que incidam sobre "a continuidade da liderança do partido.
Nelson Silva defende que atirar o Congresso para depois da auscultação das bases é passar um atestado de desconfiança.
Sobre o Congresso e a ausência de aprovação dos Estatutos do PAN, os demissionários alertam que esta situação deixa fora da Direção Nacional "metade dos seus dirigentes por inerência que foram nomeados por todas as Assembleias Distritais e Regionais do partido".
Assim, a cada votação da Direção que possa "mudar o percurso, o futuro e a estratégia do partido, os dirigentes das distritais pertencentes à direção, por inerência, terão que se ausentar da sala sem direito a voto".
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"Também as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, ficam vedadas de realizar Congressos a nível regional para expressar, em pleno, o acto mais democrático de um partido na sua jurisdição territorial", lamentam. A Juventude do PAN, alertam também, "ficou cortada com o chumbo, pelo TC, dos estatutos".
Estas saídas acontecem após a reunião da Comissão Política Nacional que decorreu no sábado, para análise do resultado nas legislativas, nas quais o PAN desceu de quatro deputados eleitos para um.