"É preciso que com a Covid não percamos a inteligência"

António Costa defende a revisão das regras orçamentais da União Europeia notando que "é preciso nunca esquecer os erros cometidos há 10 anos". A falar em Paris numa conferência da família política europeia do PS, Costa apelou também à criação de um mercado de energia à escala europeia.

Com o futuro em mira e a transição climática na agenda, António Costa participou enquanto secretário-geral socialista numa conferência em Paris na qual defendeu "uma leitura inteligente" das regras orçamentais da União Europeia, tendo em atenção a especificidade dos diferentes países.

A falar numa conferência dos Sociais Democratas europeus com o tema "A grande transformação - de um mundo partido para um bem-estar sustentável", António Costa, em francês, arrancou palmas da plateia ao lembrar que é preciso, nesta crise, não repetir os erros do passado quando "Sarkozy e Merkel tomaram a decisão de mudar o rumo da estratégia europeia para enfrentar a [anterior] crise [financeira]".

Diz Costa que essa estratégia não só trouxe "austeridade para as pessoas" e "ausência de crescimento económico", como sobretudo deu "força aos populismos". "As decisões económicas não trazem apenas consequências económicas, trazem também consequências políticas que nunca deveremos esquecer", sublinhou.

Por isso mesmo, ao lado de Pedro Sanchez e Anne Hidalgo, Costa defendeu um debate "sobre o futuro das regras orçamentais na União Europeia".

"Temos a oportunidade de ser inteligentes na leitura das regras orçamentais, é preciso que com a Covid não percamos a inteligência e, com Lagarde, seguir os esforços para que haja uma capacidade de investimento no futuro", defendeu o primeiro-ministro reconhecendo que "numa união monetária é preciso haver regras comuns, mas é preciso que os ajustamentos depois da crise sejam feitos de forma a que sejam compatíveis com a capacidade de cada país chegar a um objetivo comum, mas tendo em conta as diferenças entre os diferentes países".

Falando ainda de populismos, António Costa diz que apenas esta família política está em condições de levar a cabo as transições no mundo de hoje, como a climática, e apela à união dos países do bloco europeu em matérias como, por exemplo, a energia.

"Apenas nós, sociais-democratas, estamos em condição de identificar os investimentos, reforçar a Europa social, mas também de criar as condições para que o todo da Europa responda efetivamente a desafios como o caso do preço dos combustíveis", destacou Costa lembrando que o primeiro-ministro espanhol ao seu lado, Pedro Sanchez, propôs que, "como a Comissão fez uma compra conjunta de vacinas, possa estudar como fazer uma compra conjunta de combustível". Para o primeiro-ministro, "há outras soluções e é preciso criar um mercado de energia à escala europeia".

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