Entendimento da esquerda? Carlos Matos Gomes não acredita que pedido seja ouvido

Mais de 30 personalidades enviaram uma petição às direções do PS, BE, PCP e PEV apelando a um "entendimento das forças de centro-esquerda e esquerda" para formar uma "maioria parlamentar". Carlos Matos Gomes é um dos signatários. O capitão de abril defende que os partidos de esquerda deviam esclarecer se estão disponíveis para um entendimento, ainda antes das eleições, mas não acredita que "seja viável".

Carlos Matos Gomes, capitão de abril, é uma das pessoas que assina a petição que apela a um "entendimento das forças de centro-esquerda e esquerda" para formar uma "maioria parlamentar" depois das legislativas. Apesar de considerar esse entendimento "importante", Carlos Matos Gomes não acredita que seja "viável" devido às atuais lideranças, nomeadamente no Partido Comunista e no Bloco de Esquerda.

Questionado pela TSF sobre se o documento é um apelo a uma nova geringonça, Carlos Matos Gomes refere que "é muito mais do que isso, por um lado, e, por outro lado, é muito menos do que isso."

"Muito mais do que isso, porque o apelo é a que haja entre todas estas forças que se dizem de esquerda, a capacidade para se entenderem naquilo que é essencial. O essencial neste momento é a defesa da democracia, do Estado de direito e do estado social. É isso que está sob ataque, um ataque forte com uma extrema-direita nova e agressiva", explica, em declarações à TSF.

"É um projeto quase civilizacional que defendemos", sublinha.

"É menos do que isso, porque eu quase que não acredito que isso seja possível, isto é, as esquerdas, assumidas como esquerdas, têm demonstrado que pretendem seguir estratégias próprias muito definidas, de grande incapacidade de compromisso, porque face a uma situação tão difícil quanto a que vivemos hoje, a ideia que estas organizações de esquerda têm é de sobrevivência", acrescenta.

Carlos Matos Gomes defende que os partidos de esquerda deviam, ainda antes das eleições, esclarecer se estão disponíveis para um entendimento.

"Eu acho que isso era importante, porque passava uma mensagem de esperança. Nós, hoje em dia, e mais até com o ambiente de pandemia que vivemos, necessitamos de esperança, necessitamos de uma utopia. Se estas forças de civilização e de cultura, de tolerância, de procura de bem estar comum conseguissem passar esta mensagem, isso criava uma esperança e podia-se multiplicar até em numero de votos e em presença no exercício do poder. É por isso que eu penso que era importante haver esse tipo de aliança. Não acredito que com as atuais lideranças, nomeadamente no Partido Comunista e no Bloco de Esquerda isso seja muito viável, porque o desgaste que foi a rejeição do Orçamento, os prejuízos, penso que dificilmente vão ser ultrapassados", afirma.

A direção do Bloco de Esquerda (BE) lembrou à TSF que propôs um acordo de legislatura em 2019, mas a proposta foi recusada pelo PS. O BE sublinha, ainda assim, que se depender do partido, a direita não vai chegar ao poder e manifesta-se disponível para assumir compromissos que protejam o Serviço Nacional de Saúde, os salários e o clima.

Num texto promovido por 31 personalidades, onde consta a assinatura do ex-dirigente comunista Carlos Brito, do capitão de abril Carlos Matos Gomes ou do ex-deputado do PS Pedro Bacelar de Vasconcelos, os signatários indicam que decidiram juntar-se para "promover o entendimento das forças de centro-esquerda e esquerda, visando constituir uma maioria parlamentar e um Governo que tenha como propósito a aplicação de medidas indispensáveis para a melhoria do bem-estar da população".

Os signatários desta petição indicam que decidiram juntar-se para "promover o entendimento das forças de centro-esquerda e esquerda, visando constituir uma maioria parlamentar e um Governo que tenha como propósito a aplicação de medidas indispensáveis para a melhoria do bem-estar da população".

Na petição, que visa criar uma "iniciativa de cidadãos" intitulada CORAGEM!, as 31 personalidades frisam que "esse entendimento deverá ser feito tendo como referência um compromisso programático, subscrito pelos partidos que se enquadram naquele espírito", e deveria ter lugar "imediatamente após a realização das eleições de 30 de janeiro", não estando "condicionado ao resultado obtido por cada partido".

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