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Imagine três lugares de estacionamento no perímetro de um edifício empresarial. Agora, imagine ter como função guardar esses mesmos lugares. É esse o trabalho de Eugénio Rego, um trabalhador que esta sexta-feira conseguiu unir quatro partidos, uma central sindical e dezenas de trabalhadores em solidariedade à frente da empresa Vigiexpert.
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O conflito com a empresa começa em março do ano passado quando este trabalhador foi chamado a cobrir uma baixa de um colega e fazendo trabalho extraordinário. "Perguntei qual era o valor à hora e foi-me respondido que eram pouco mais de dois euros. Eu disse que era ilegal e não aceitei. A partir daí, encetaram uma perseguição contra a minha pessoa, alocaram-me a vários postos de trabalho com escalas alternativas", queixa-se.
Ouça as reclamações de Eugénio Rego à TSF.
A empresa em causa é a Vigiexpert que, diz este trabalhador, mudava escalas e folgas até de forma oral e contradizendo as escalas oficiais. Vai daí que, dos últimos desenvolvimentos, foi colocarem-no a guardar três lugares de estacionamento.
"Colocaram-me no parque de estacionamento que está aqui atrás, ao ar livre, ao frio, fiquei doente, sem portaria e sem ir à casa de banho. Para ir à casa de banho tenho de me deslocar à sede da empresa que fica no segundo piso onde para entrar é com um código que todos os meus colegas têm o código e a mim não me facultaram", denuncia o trabalhador para aplausos dos colegas solidários.
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Eugénio Rego diz que "ainda para agravar a situação", como viram que ele resistiu, colocaram-no "no horário noturno onde nem sequer está nenhuma viatura estacionada no parque", com o "portão fechado" e perante "condições climáticas mais adversas". "Psicologicamente, fui aguentando com muita dificuldade porque isto mexe muito com o psicológico das pessoas", lamenta o trabalhador.
A situação, entretanto, ganhou escala e, de acordo com o STAD - Sindicato dos Trabalhadores de Serviços de Portaria, Vigilância, Limpeza Doméstica e Atividades Diversas foi aberto um "processo disciplinar" porque o trabalhador "denunciou o que a empresa lhe estava a fazer". Algo que, para os solidários com Eugénio Rego, tem um nome que fizeram questão de gritar bem alto: "assédio moral, não".