"Esta é a sua hora." Montenegro avisa Costa que vai a Belém quando quiser pedir eleições

Além de fazer uma espécie de ultimato a António Costa ("Esta é a hora de mostrar o que vale"), Montenegro diz que, na hora em que concluir que governo já não tem hipóteses, vai direto a Belém pedir a Marcelo para derrubar o Executivo. Além disso, líder do PSD fala numa máquina viva na sociedade que quer atirar PSD para a lama.

"Tenhamos sangue frio, tenhamos paciência, tenhamos inteligência emocional". O pedido de Luís Montenegro aos conselheiros nacionais só chegou no fim, como também chegou o sumo do discurso onde quis mostrar para dentro as ganas que tem para ser líder do governo. Além disso, mostrar que, no momento certo, não terá problemas em ir a Belém pedir a Marcelo para derrubar o governo se Costa já estiver esgotado.

Antes, Medina e Pedro Nuno Santos estiveram longos minutos no discurso de Montenegro, no fundo, com críticas requentadas sobre a situação destes dois socialistas, às quais juntou Gomes Cravinho e a polémica do antigo Hospital Militar de Belém. Sobre as respostas de António Costa sobre a banca, de resto, pedidas pelo PSD, nem uma palavra.

Mas nos ataques, Montenegro não foi brando. Se antigamente se falava em "polvo", agora fala-se em "máquina". "A máquina de propaganda do PS e do governo não para de tentar atirar-nos para a lama, de tentar dispersar a atenção dos portugueses para coisas acessórias", atira o líder social-democrata.

Mas vai mais longe falando numa máquina que "está viva" e "associada a vários interesses que há na sociedade portuguesa que convivem bem com o PS e têm medo que o governo mude em Portugal".

Subindo os decibéis, garante que não o intimidam e que ele está aqui "para lutar por Portugal até à ultima gota" do seu esforço. E o tom lá no alto também surge numa altura em que antecipa eventuais críticas do próprio partido à atitude perante o governo, como por exemplo a abstenção na moção de censura da Iniciativa Liberal.

E é nesta altura que se dirige diretamente ao primeiro-ministro: "Dr. António Costa, esta é a sua hora, é hora de mostrar o que vale, não é hora de arranjinhos no parlamento com PCP e BE, não é hora de ir atrás de uma maioria absoluta que já tem, é hora de dizer que ainda é merecedor da tarefa que o povo lhe atribuiu e que ainda está a tempo de recomeçar a sua governação".

Porque, se assim não for, "se não estiver à altura da hora, o país terá mecanismos para poder atalhar caminhos". E não, naturalmente que não será com uma moção de censura porque o PS não vai "tirar o tapete" ao PS., essa eventual moção será sempre "simbólica", vai ser mesmo com a "bomba atómica" que Montenegro pedirá a Marcelo.

"No dia em que concluirmos que o governo não tem condições para prosseguir, não vamos a correr ver quem chega primeiro, não vamos com manobras de diversão. Vamos ao senhor Presidente da República dizer por mais A mais B mais C porque é que a realidade política e económica do país reclama a interrupção da legislatura, se esse dia chegar, assumiremos a responsabilidade", garante Montenegro.

E, propositadamente ou não, com um subterfúgio de linguagem, Montenegro ainda tem uma palavra que se adequa como uma farpa à direita: "Nós no PSD não andamos aqui a disputar nenhum campeonato de quem chega primeiro para reclamar isto, de quem chega primeiro para gritar mais alto e de quem chega primeiro apenas para marcar território político... Não, nós somos oposição!"

Notas de um discurso de 40 minutos onde quis deixar bem claro que está preparado para lutar pelo governo de Portugal e onde quis deixar patente que o tempo está a contar para o primeiro-ministro António Costa.

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