Azeredo Lopes absolvido no caso Tancos. Autor do furto condenado a oito anos prisão

Todos os arguidos foram já absolvidos dos crimes de associação criminosa e tráfico de armas. O cabecilha do assalto foi condenado a oito anos de prisão, por terrorismo. Azeredo Lopes foi absolvido dos quatro crimes de que era acusado.

Azeredo Lopes foi absolvido de todos os crimes de que era acusado no processo de Tancos. O coletivo de juízes vai ao encontro do Ministério Público, que pediu que o ex-ministro da Defesa fosse ilibado, por não ter ficado provado que conhecia a investigação paralela da PJ Militar ao assalto aos paióis de Tancos.

O antigo ministro, que se demitiu do cargo na sequência do processo, estava acusado e pronunciado por quatro crimes: denegação de justiça e prevaricação, favorecimento pessoal praticado por funcionário, abuso de poder e denegação de justiça.

Em sede de alegações finais, o Ministério Público tinha pedido a absolvição do antigo governante - e de mais dez arguidos -, considerando que a conduta do ex-governante se pautou apenas por uma "omissão do ponto de vista ético", ao não diligenciar no sentido de ser levantado um processo disciplinar aos elementos da Polícia Judiciária Militar.

A leitura da sentença está a decorrer no tribunal de Santarém. Por falta de provas, todos os 23 arguidos foram absolvidos dos crimes de associação criminosa e tráfico de armas.

A informação é avançada pela CNN Portugal, que revela ainda que para Jaime Paulino, autor confesso do furto, é considerado culpado pelo crime de terrorismo, assim como de tráfico de estupefacientes.

O major Vasco Brazão, assim como o major Roberto Pinto da Costa, ambos da PJ Militar, foram considerados culpados do crime de favorecimento pessoal.

O julgamento do processo do furto e recuperação de armamento do paiol de Tancos, com 23 arguidos, incluindo o ex-ministro Azeredo Lopes, teve nesta sexta-feira a leitura do acórdão, mais de um ano depois do seu início no Tribunal de Santarém.

A leitura do acórdão esteve prevista para 11 de outubro de 2021, mas uma alteração não substancial dos factos por parte do coletivo de juízes determinou a reabertura do julgamento, tendo-se realizado no início de dezembro uma audiência para novas declarações de alguns arguidos e alegações suplementares, centradas num alegado acordo de impunidade para o autor confesso do furto aos paióis, João Paulino.

O julgamento começou a 2 de novembro de 2020, com previsão de três sessões semanais, no Palácio da Justiça de Santarém, tendo transitado depois para o Centro Nacional de Exposições, para garantir o distanciamento físico devido à pandemia de Covid-19.

Em causa está um conjunto de crimes que vão desde terrorismo, associação criminosa, denegação de justiça e prevaricação até falsificação de documentos, tráfico de influência, abuso de poder, recetação e detenção de arma proibida.

Além do ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes, foram a julgamento o antigo diretor da Polícia Judiciária Militar (PJM) Luís Vieira e o ex-porta-voz desta instituição militar Vasco Brazão, além de elementos da GNR de Loulé e do Porto.

Alguns arguidos foram acusados de planear e executar o furto do material militar dos paióis nacionais, enquanto outros, entre os quais Azeredo Lopes, que se demitiu do cargo ministerial no seguimento do processo, e os dois elementos da PJM, da encenação que esteve na base da recuperação do equipamento.

O furto das armas foi divulgado pelo Exército a 29 de junho de 2017 com a indicação de que ocorrera no dia anterior, tendo a recuperação de algum material sido feita na região da Chamusca, Santarém, em outubro de 2017, numa operação que envolveu a PJM em colaboração com elementos da GNR de Loulé.

Segundo informação do Tribunal Judicial de Santarém, foram realizadas 66 sessões mais uma reunião prévia, que decorreu a 18 de setembro de 2020, e a audiência suplementar de 2 de dezembro, tendo o julgamento estado interrompido devido à pandemia.

Dos 23 arguidos, apenas um não prestou declarações, Jaime Oliveira, com alegadas responsabilidades no furto. Foi acusado de dois crimes em coautoria, associação criminosa e tráfico e outras atividades ilícitas.

Foram arroladas 113 testemunhas pelo Ministério Público e 136 testemunhas pelos arguidos (sendo algumas comuns). Praticamente todas foram ouvidas ("quatro ou cinco foram dispensadas", incluindo Paulo Lemos, conhecido como "Fechaduras", que o tribunal não conseguiu notificar).

Paulo Lemos foi constituído arguido no processo sobre o furto de armamento do paiol de Tancos, mas posteriormente ilibado pelo Ministério Público por ter demonstrado "arrependimento ativo" e colaborado nas investigações.

Dezanove testemunhas prestaram depoimento por escrito, incluindo o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, António Costa.

O processo chegou à distribuição com 22.497 páginas.

Em alegações finais, o Ministério Público pediu a absolvição de 11 dos 23 arguidos, incluindo de Azeredo Lopes, considerando que a conduta do ex-governante se pautou apenas por uma "omissão do ponto de vista ético", ao não diligenciar no sentido de ser levantado um processo disciplinar aos elementos da PJM.

Já a pena mais grave - entre os nove e os dez anos de prisão - foi pedida para João Paulino, autor confesso do furto.

* Em atualização

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