"Feitio de diálogo" de Moedas vai permitir acordos. "Pilares da governação socialista ficaram mais frágeis"

José Silvano e David Justino estão confiantes relativamente à capacidade de diálogo de Carlos Moeda, que, sem maioria absoluta, não terá uma tarefa fácil à frente da Câmara de Lisboa. O vice-presidente do PSD alerta que, se Costa "buscava uma legitimidade acrescida, não obteve, e, eventualmente, até a viu diminuída".

David Justino acredita que o resultado que o PS obteve nestas eleições autárquicas terá implicações no Governo. O vice-presidente do PSD está mais otimista quanto ao mandato de Carlos Moedas na Câmara de Lisboa, o que é reiterado por José Silvano. Apesar de não ter obtido a maioria, o candidato eleito vai conseguir gerir a maior autarquia do país, defendem Justino e o secretário-geral social-democrata.

Na noite de domingo, Rui Rio já tinha admitido estar à espera de uma gestão difícil em Lisboa, mas Carlos Moedas disse confiar na capacidade para conseguir consensos. José Silvano, secretário-geral do PSD, manifestou, em declarações à TSF, a total confiança em Moedas. "Não tenho nenhuma dúvida de que vai ser governável, porque Lisboa, ao votar desta forma, também queria mudança. Querendo mudança, os lisboetas vão pressionar para que haja essa concertação e esse diálogo."

Na perspetiva de José Silvano, Carlos Moedas "é um homem determinado, capaz de arriscar e de ter coragem, porque foi o homem que deixou tudo para ser candidato, coisa que muitos não foram capazes de fazer".

"Esta determinação e esta coragem vão levá-lo a resolver todas as dificuldades que tenha na Câmara de Lisboa, que são muitas, devido à arrumação de forças", salienta Silvano, fazendo referência à vitória sem maioria. Carlos Moedas "tem um feitio de diálogo", e "vai conseguir ultrapassar os obstáculos que se vão interpor", sustenta o representante do partido.

Já o vice-presidente do PSD acredita que o autarca eleito na capital conseguirá fazer acordos caso a caso. "Não vai ser fácil... É necessário que se possa construir uma plataforma de entendimento minimamente estável, para que, na verdade, a gestão da Câmara de Lisboa não seja afetada." David Justino admite que uma coligação não será fácil de fazer, "a não ser que o Partido Socialista esteja disponível para isso".

"Há possibilidade de estabelecer um conjunto de acordos, relativamente a orçamentos, àquilo que são as grandes deliberações. Julgo que será possível e desejável que as forças possam unir-se em função dos interesses da cidade."

Numa leitura dos resultados a nível nacional, o vice-presidente social-democrata considera que as coisas correm mal a António Costa, o que terá "implicações necessárias na governação" do Executivo nacional. ​​​​​​"A grande figura foi o secretário-geral do PS. Ele quis tornar isto numa espécie de plebiscito à governação. Correu mal, correu mal..."

"Se ele buscava uma legitimidade acrescida, não obteve, e, eventualmente, até a viu diminuída. Hoje os pilares em que assenta a governação do Partido Socialista a nível nacional são pilares que ficaram mais frágeis." O antigo ministro interpreta assim que a capacidade de negociação, intervenção e de encontrar soluções para o país, por parte do PS, começa a ser "duvidosa".

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