Foi difícil "por de pé o PRR", mas nem por isso o coração de Marcelo fica "mais mole"

Com Costa ao lado depois de um período em que a relação São Bento-Belém parecia instável, o chefe de Estado reconhece "mérito" ao plano do Governo, mas avisa que as suas funções não incluem ser "menos exigente".

O Presidente da República reconhece que o nascimento e a aplicação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) não foram fáceis, mas nem por isso o coração de Marcelo se torna "mais mole e menos exigente".

Em Mangualde, ao lado do primeiro-ministro e depois de uma visita à fábrica da Stellantis, o chefe de Estado não quis aceitar o desafio da TSF para voltar a dar notas, neste caso à execução do PRR, - como fez no programa "Exame", na década de 1990 -, e deixou o aviso: "Como Presidente da República não dou notas."

Preferiu enquadrar-se como um "catalisador positivo, que está alerta, que chama a atenção para aquilo que entende, em cada momento, que pode despertar a atenção do governo, do primeiro-ministro, dos autarcas e dos portugueses em geral para um desafio que é único e é difícil".

Além de difícil, como assinala o próprio, há também coisas que "demoram tempo, falham aqui e acolá" e a conjuntura internacional "não tem facilitado" a execução. Mas Marcelo não baixa a guarda.

"Eu acompanhei as dificuldades e percebo o mérito de por de pé o PRR, mas a minha função é a de o meu coração não ficar por isso mais mole", avisou o chefe de Estado, que assume "de vez em quando ser duro na exigência quanto à execução". E não tem dúvidas de que Costa "pensa exatamente o mesmo".

"Quando o senhor primeiro-ministro está atento à reprogramação do PRR para tornar mais fácil e rápido de executar e concretizar os objetivos naquilo que é o mais próximo da meta que foi definida, está na mesma onda", defendeu, garantindo que o Presidente da República "não faz oposição pela oposição".

Ao lado, a ouvir tudo isto, esteve sempre um sorridente primeiro-ministro, que decidiu elevar a fasquia da preocupação: garante Costa que, se Marcelo pensa muito na execução, então o líder do Governo "pensa mais dez vezes".

A razão? "Simples, é que se as coisas não correrem bem é mesmo a mim que me pedem contas, não é ao senhor Presidente da República." E agradecendo os "alertas" que Belém vai dando, avisa que o PRR "não se executa por despacho governamental"

Porque tudo isto aconteceu junto das instalações do grupo automóvel Stellantis, houve ainda espaço para fazer a inspeção às funções de cada um. Uma espécie de revisão da matéria de Direito Público Comparado entre o professor Marcelo e o ex-aluno Costa.

"Eu sei o que é que o senhor Presidente da República sabe e pensa sobre a Constituição e ele também sabe o que é que eu aprendi sobre o funcionamento da Constituição", adiantou Costa, antes de estender a avaliação ao resto do país.

Também os portugueses, "ao fim de tantos anos e quando os poderes de uns e outros estão mais ou menos estabilizados desde 1982" percebem "qual é a competência própria do Governo e qual é a competência do Presidente da República".

"As coisas que funcionam bem", garantiu Costa, "é como num automóvel: se cada peça desempenhar a sua função, o carro anda bem e com segurança. E é assim: o Presidente da República desempenha a sua função e o governo desempenha a sua função".

Não falta combustível à relação Marcelo-Costa, nem à Stellantis Mangualde que, anunciou o primeiro-ministro, vai começar a produzir a partir do final de 2024 ou do início de 2025 a nova viatura elétrica do grupo.

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