Gomes Cravinho não viu "razão nenhuma" para travar obras no Hospital Militar apesar da derrapagem

Ministro explica que, em março de 2020, a prioridade era assegurar a recuperação do hospital para receber doentes Covid. Não gostou "nada mesmo" de ser acusado de mentir ao Parlamento.

O ministro dos Negócios Estrangeiros e antigo responsável pela Defesa, João Gomes Cravinho, garante que "não havia razão nenhuma" para travar as obras no Hospital Militar em 2020, apesar de ter ficado claro desde março desse ano que o seu custo seria "superior àquilo que era o custo inicial estimado", e mostrou-se desagradado com as acusações de ter mentido no Parlamento sobre o tema.

"Não gostei nada, nada mesmo, de ser acusado de mentir, muito menos de mentir ao Parlamento português. Não há nenhuma mentira naquilo que disse", asseverou, garantindo que vai responder "a todas as perguntas que os deputados entenderem colocar".

Na sexta-feira, o Expresso noticiou que Gomes Cravinho foi informado pelo diretor-geral de Recursos de Defesa Nacional (DGRDN), Alberto Coelho - agora arguido por corrupção e branqueamento na Operação Tempestade Perfeita -, em março de 2020, de que o custo das obras no antigo Hospital Militar de Belém estava a derrapar. Os "trabalhos adicionais" já somavam quase um milhão de euros extra ao inicialmente previsto.

Recentemente, no Parlamento, o ministro afirmou que "nunca autorizou nem lhe foi solicitado" que autorizasse um aumento do custo das obras. Agora, em Bruxelas, escolheu contextualizar, pedindo um exercício de recuo na linha do tempo até ao mês em questão.

Explica Cravinho que, em março de 2020, as realidades nacional e internacional eram de um momento "em que as nossas sociedades tinham muito rapidamente de se preparar para enfrentar algo de completamente inesperado".

"Era uma prioridade absoluto erguer uma capacidade para receber futuros doentes Covid num hospital que precisava de ser recuperado para esse efeito", assinalou. A estimativa inicial para o garantir, reconhece, ""era insuficiente e veio a perceber-se que o custo real seria superior".

Ainda assim, garante, "não havia razão nenhuma naquele momento para travar o que quer que seja", respeitando a prioridade de recuperar o edifício e "criar o hospital" para receber doentes, tema sobre o qual "não havia qualquer questão"

O problema que agora se coloca, garante, "é a falta de autorização para incorrer em despesa" - como acabou por acontecer -, "essa é que é a questão central".

"Tinha de ser feito dentro do quadro da lei. Esse é que é o problema, o que é que estava dentro da lei e o que é que não estava", lançou.

Dadas as explicações, Gomes Cravinho garante que o caso não afeta "de forma alguma" a capacidade para continuar no Governo.

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