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O presidente da Associação de Praças defendeu que nem o almirante Gouveia e Melo nem o almirante Mendes Calado, que agora deixa o cargo, mereciam estar envolvidos em polémica. No Fórum TSF, Paulo Amaral afirmou que ambos os militares deviam ter sido tratados de outra forma.
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"Nem o senhor almirante Gouveia e Melo nem o senhor almirante Mendes Calado mereciam estar nesta situação. O almirante Gouveia e Melo fez um excelente trabalho como coordenador da task force, isso é indesmentível aos olhos de todos e não há aqui dúvidas sobre essa questão. Mas também convém referir que o almirante Mendes Calado fez um excelente trabalho como chefe de Estado-Maior da Armada também numa situação pandémica. O almirante Mendes Calado, com tantos anos - cerca de 47 - de carreira militar não merecia ter saído pela porta pequena", explicou Paulo Amaral.
Ouça as declarações do presidente da Associação de Praças à TSF
O presidente da Associação de Praças acredita que o que está em causa é "uma prenda" do Governo para Gouveia e Melo e estranha a posição do Presidente da República.
"Como Chefe Supremo das Forças Armadas, quando em setembro deu a volta àquela exoneração/demissão do senhor almirante Mendes Calado e agora, passados dois meses e meio, aceita a exoneração do almirante Mendes Calado e a nomeação do senhor almirante Gouveia e Melo, o Presidente deve ter aqui uma palavra para os militares que comanda a explicar o porquê desta alteração de decisão em tão pouco espaço de tempo", afirmou o presidente da Associação de Praças.
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Já António Lima Coelho, presidente da Associação Nacional de Sargentos, fala em partidarização e considera que a mudança não ajuda ao bom funcionamento das Forças Armadas.

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"É uma situação extremamente sensível e não contribui em nada para aquilo que é fundamental nas Forças Armadas, que é a pacificação e olharmos para todo este processo de uma forma serena. Tem sido dito que isto é a politização das Forças Armadas. Gostaria de também reforçar a ideia de que não é a politização. Será, e isso é que é grave, a partidarização. Aqui não há inocentes", defende à TSF António Lima Coelho.
Ouça as declarações do presidente da Associação Nacional de Sargentos
Para Lima Coelho, este é mais um passo para que haja comissários políticos nas Forças Armadas em vez de chefes militares e duvida que Gouveia e Melo receba condições para mudar o que está mal nas Forças Armadas.
"Tenho muitas dúvidas porque uma coisa foi dar-se visibilidade a uma task force que carecia de visibilidade e disponibilizar todos os meios para que aquela task force cumprisse, e bem, a missão que cumpriu. Outra coisa é o descalabro a que temos vindo a assistir, há muitos anos, nas Forças Armadas que leva a desmotivação e desencanto pela forma como tudo isto se vem arrastando: promoções no final do ano, avaliação com um regulamento perfeitamente anacrónico e toda uma série de condições que vamos ver se o almirante tem condições de alterar", ressalvou o presidente da Associação Nacional de Sargentos.
O PCP levanta dúvidas quanto ao processo de nomeação de Gouveia e Melo para chefe do Estado-Maior da Armada. Rui Fernandes, da Comissão Política do Partido Comunista, contesta a justificação apresentada para a mudança.
"O que o PCP questionou e questiona é o processo que tornou público um chefe por antecipação, colocando numa posição frágil o chefe em funções, que agora sai, e colocando os outros vice-almirantes, também em possíveis condições de ascender ao cargo, numa situação de desconforto", considera Rui Fernandes.
Ouça as declarações de Rui Fernandes, da Comissão Política do Partido Comunista
Ainda assim, os comunistas sublinham não ter nada contra Gouveia e Melo e que a instabilidade já existia nas Forças Armadas pela falta de medidas para resolver os problemas dos militares.
Da parte do Bloco de Esquerda, o deputado João Vasconcelos defende que o processo não deveria ter acontecido deste modo.
"Tratou-se de uma situação nada hábil da parte do Governo, nomeadamente do ministro da Defesa, e que despoletou toda esta situação. Agora é o corolário lógico daquilo que já tinha começado há uns meses e não devia ter acontecido", afirmou João Vasconcelos.
Ouça as declarações do deputado do BE
Também o CDS considera que o processo foi mal conduzido. Pedro Melo, vice-presidente do partido, considera que, estando o Governo em fim de mandato, não devia ter nomeado Gouveia e Melo para o cargo.
"O processo deste dossier parece-nos mal conduzido, na medida em que houve uma precipitação na exoneração do almirante Mendes Calado e é extemporânea esta nomeação agora do almirante Gouveia e Melo porque o Governo está em final de mandato. Em termos de legitimidade formal pode fazê-lo, mas parece-nos que teria sido melhor esperar pelas eleições daqui a um mês. No final, o Governo que resultasse teria legitimidade reforçada para esta proposta e nomeação", acrescentou Pedro Melo.
Ouça as declarações do vice-presidente do CDS
O vice-presidente do CDS espera agora que o processo não agrave ainda mais o descontentamento nas Forças Armadas.
Henrique Gouveia e Melo, que foi o coordenador da task force de vacinação contra a Covid-19, assumiu esta segunda-feira funções de chefe do Estado-Maior da Armada depois de Mendes Calado ter sido exonerado.