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O historiador José Pacheco Pereira considera populista a reação do chefe do Estado-Maior da Armada ao caso da recusa dos 13 marinheiros de embarcar no Navio Patrulha Mondego, para cumprir uma missão da Marinha.
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Na edição desta semana do programa da TSF e CNN Portugal O Princípio da incerteza, Pacheco Pereira defendeu que o almirante Gouveia e Melo está a aproveitar o caso e a exposição pública para preparar uma candidatura à Presidência da República.
"É absolutamente inédito e inaceitável que um comandante militar, perante um caso de insubordinação, faça uma espécie de comício e num barco, numa cerimónia militar, convidando a televisão, a rádio e os jornais."
Pacheco Pereira considera atuação de Gouveia e Melo "absolutamente inaceitável"
"É original, chamemos-lhe assim, não pode ter outra razão senão a preocupação que o almirante Gouveia e Melo revela, por exemplo, ao jornal Nascer do Sol, dizendo que interpreta conspirativamente o que aconteceu no barco da Marinha e a subordinação como sendo algo que é destinado a ser contra ele e contra as suas expectativas presidenciais. Quem faz esta relação é ele próprio."
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Também a jurista Alexandra Leitão condenou a reprimenda pública de Gouveia e Melo aos marinheiros.
"Por um lado, é evidente que a reação tinha que ser eficaz, tinha que ser assertiva, tinha que ser rápida, não tenho dúvidas disso, porque a gravidade da indisciplina é grande e, portanto, a reação da hierarquia militar tem também ela que ser relevante. Agora, o que francamente, pela minha ótica não foi um bom serviço é a circunstância de se ter feito isto um pouco na praça pública."
"A homens e mulheres crescidos não se dão reprimendas públicas", condena Alexandra Leitão
Também Alexandra Leitão destaca a entrevista do chefe do Estado-Maior da Armada ao jornal Nascer do Sol porque está "cheia de ambições pessoais e de "eu, eu, eu", e pouco da instituição militar."
Na mesma linha, o advogado António Lobo Xavier considerou lamentável a reação de Gouveia e Melo.
"Um chefe militar do mais alto nível de um ramo das Forças Armadas vem tratar um assunto gravíssimo de insubordinação, atribuindo alguns aspetos desse incidente a uma espécie de conspiração política contra ele. É lamentável."
António Lobo Xavier lamenta a postura de Gouveia e Melo