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Para Pedro Siza Vieira "é uma entrevista que deixa uma sensação mista".
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"É uma entrevista de alguém que está completamente instalado, muito confortável na sua posição, hiper confiante, e é aí que alguma coisa dá uma sensação de desconforto a quem lê," afirma o antigo ministro da Economia, hoje comentador do programa Bloco Central da TSF.
Embora partilhe dos sentimentos de "desvalorização da política de casos, da ideia de que o comentário está focado nas questões de espuma dos dias e menos nas coisas que se estão a passar realmente", Siza Vieira questiona o tom utilizado pelo primeiro-ministro.
"A maneira como se fala, a maneira como um chefe de governo fala também tem impacto, também tem importância porque é o chefe de governo de um executivo que governa para o país."
O antigo governante vai mais longe e considera que a forma como Costa se expressou "é uma maneira de falar que me sugere aquela expressão grega húbris. Aquela tentação, aquele sentimento de quem que se sentia infalível e que punha em causa os deuses."
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Siza Vieira sublinha que António Costa conseguiu transmitir "mensagens importantes", mas considera que fica uma "sensação de desconforto perante a forma como se refere à oposição."
"Não é só a Iniciativa Liberal, fica evidente que ele acha que não há nenhuma ameaça que venha da oposição, não sente que possa dali vir qualquer coisa que que que possa pôr em causa a sua situação de poder e de capacidade de influenciar."

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A entrevista do primeiro-ministro à revista Visão é um dos temas abordados na edição desta semana do programa Bloco Central, da TSF que junta, no comentário, Pedro Siza Vieira e Pedro Marques Lopes.
Questionado sobre se a crítica de António Costa à "bolha político-mediática" pode ser comparada com a expressão "forças de bloqueio" que ganhou força durante os anos de governação de Cavaco Silva, Pedro Marques Lopes afirma que a entrevista do primeiro-ministro "tem uma dimensão de Rei-Sol, de infalibilidade."
"Isso é perigoso para o primeiro-ministro, particularmente porque dá a ideia de que ele está absolutamente isolado, normalmente isto acontece às pessoas que estão muito isoladas e que tem muitas certezas. Isto aconteceu com Cavaco."
Siza Vieira considera que "o primeiro-ministro "ainda não está lá", mas há "muitos indícios que nos fazem lembrar esse tempo." E remata: "sabemos que nas tragédias gregas aqueles que se deixavam cair na húbris acabavam por depois não ter um final muito feliz."