Levantar restrições em tempo de campanha? Direita acusa Costa de eleitoralismo

O levantamento de restrições devido à Covid-19, que deverá ser anunciado esta tarde, no final do Conselho de Ministros, está a marcar a campanha eleitoral nestas autárquicas. O assunto esteve em debate no Fórum TSF.

O PSD e CDS-PP acusam António Costa de eleitoralismo. Em causa está o timing escolhido pelo primeiro-ministro para anunciar o levantamento de mais restrições, impostas na sequência da pandemia. O PS refuta as acusações, enquanto o Bloco de Esquerda não quer entrar em braços de ferro sobre este assunto e o PCP lamenta que as restrições não tenham já sido levantadas.

No Fórum TSF, António Maló de Abreu, do PSD, acusou o primeiro-ministro António Costa de "chico-espertismo" ao aliviar as restrições decorrentes da pandemia de Covid-19 em plena campanha eleitoral.

"Não encontro palavras doces para classificar a forma como o dr. António Costa se tem comportado nesta campanha e, neste caso concreto, como vai anunciar este desconfinamento. Mais do que eleitoralismo, trata-se daquilo que os portugueses costumam definir como "chico-espertismo"", atirou.

Também Ana Rita Bessa, deputada do CDS-PP reiterou, com ironia, a crítica ao chefe do Governo. "Ou o secretário-geral está a atrapalhar o primeiro-ministro ou há, de facto, uma intencionalidade de dar uma boa notícia em véspera de eleições", disse, no Fórum TSF.

"A reunião do Infarmed aconteceu há uma semana e poderia ter acontecido mais cedo do que isso, portanto, há aqui uma gestão do calendário até de consulta dos especialistas - com uma pausa de uma semana para que o Conselho de Ministros se reúna - que não é particularmente afetada pelos níveis de vacinação, que já eram elevados e se previa que continuassem a aproximar-se dos tais 85%. Teria havido margem para bastante mais cedo se ter tomado decisões sobre alívio de medidas", comentou Ana Rita Bessa.

Já a líder do Bloco de Esquerda recusa entrar em braços de ferro sobre este assunto. À margem do Fórum TSF, numa ação de campanha, Catarina Martins declarou que não usará a pandemia como arma de arremesso politico.

"Estar a fazer das questões da pandemia um braço de ferro eleitoral é um absoluto erro e o Bloco de Esquerda não fará isso", declarou. "A vacinação está a ser um sucesso (...), o nosso Serviço Nacional de Saúde é exemplar no mundo. Aquilo que queremos é que, uma vez que a vacina é segura e a população aderiu à vacinação, seja possível irmos retomando a normalidade nos termos exatos que, do ponto de vista científico, considerarmos que é possível", acrescentou a líder bloquista.

Já o PCP não quer falar sobre questões de eleitoralismo, mas, para a deputada comunista Paula Santos, o alivio das restrições já deveria ter ocorrido.

"Não se compreende é que não tenha sido mais cedo. Tendo em conta os indicadores e a situação epidemiológica, estas medidas já deveriam ter sido adotadas e já deveriam estar em vigor, essa é que é a questão principal", afirmou, no Fórum TSF.

O PS, pela voz de Carlos Pereira, rejeita todas as críticas. "Claro que [o PS] não aceita estas acusações de eleitoralismo e o PSD, por exemplo, sabe que este desconfinamento estava previsto desde abril", lembrou, no Fórum TSF,

"Houve um plano de desconfinamento que Rui Rio acompanhou e o plano previa, precisamente, a 1 de outubro, o levantamento total do desconfinamento. Naturalmente que estava condicionado à forma como a vacinação iria decorrer, mas os resultados - e são os especialistas que dizem, não sou eu nem é o PS - são óbvios. A pandemia, neste momento, está em absoluto controlo", concluiu Carlos Pereira.

O Conselho de Ministros reúne-se esta quinta-feira para decidir o eventual levantamento das restrições em vigor devido à pandemia de Covid-19, com efeitos a partir de 1 de outubro. Portugal aproxima-se dos 85% de população vacinada, meta definida para o início da terceira e última fase de desconfinamento.

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