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Miguel Mattos Chaves apresentou a candidatura à presidência do CDS a prometer olhar para o futuro, começando pela resolução da dívida financeira do partido em três anos e meio, mas centrou o discurso no passado. Com críticas às lideranças de Paulo Portas e Assunção Cristas, o veterano centrista atirou aos que desviaram o partido "dos seus valores".
O ainda vogal da direção de Francisco Rodrigues dos Santos defende que "os valores do partido andaram esquecidos porque alguns queriam lugares", como deputados ou em empresas públicas, "e pensavam que assim agradariam mais ao eleitorado".
Ouça aqui a reportagem.
Na opinião do candidato, os valores desapareceram desde que Paulo Portas aceitou formar Governo com o PSD de Passos Coelho, um partido que "aceitou vender empresas a outros Estado", como a EDP a acionistas chineses.

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Mattos Chaves mostrou, no entanto, que é um político "conservador nos costumes", e recuou aos tempos "onde nem havia igreja, mas já a união entre homem e mulher se chamava casamento".
"Para as uniões civis de homossexuais ter-se-á que arranjar uma nova denominação", argumentou.
Para quem não defende os valores do CDS, Mattos Chaves mostra que "a porta de entrada é a mesma da saída", lembrando os militantes que abandonaram o partido durante a presidência de Francisco Rodrigues dos Santos, em colisão com a direção.
"Comigo como presidente, não voltarão a haver casos desses. Alguns senhores da comunicação social ficaram muito escandalizados quando me congratulei com a saída de Mesquita Nunes e de Pires de Lima. Para mim é um mistério como é que esses senhores estiveram neste partido", atirou.
O candidato refere ainda que "ainda há outros cá", e promete "resolver o problema" depois das eleições, lembrando que o partido tem 40 mil militantes, "mas devem ser uns 35 mil se excluirmos os que não se identificam com os valores".
O adversário à liderança do partido, Nuno Melo, também mereceu críticas perante os 30 apoiantes na sede dos centristas, no Largo do Caldas. Desde logo, "pelo partido ter perdido a voz no Parlamento Europeu".

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"O candidato de que me falou passou dois anos a atacar o partido. Isso, para mim, é o chamado pecado mortal. Ao atacar a direção, na verdade, atacou o partido, e ajudou a que tivéssemos estes resultados", disse, referindo-se à perda de representação parlamentar.
Mattos Chaves promete inverter o fracasso eleitoral, devolvendo o partido ao Parlamento, propondo que as listas de candidatos a deputados sejam elaboradas através de eleições primárias "em que qualquer militante possa ser candidato".
"Esta coisa de serem as lideranças a definir os candidatos tem que acabar. Ou os portugueses acabam com os partidos", acrescentou, defendendo, tal como no passado, eleições diretas para a presidência do CDS.
Já sobre o conflito no leste da Europa, o candidato argumenta que o "desarmamento europeu só podia ter como consequência a situação que estamos a assistir", e a Rússia pensaria "cem vezes" em invadir a Ucrânia se os países da NATO "estivessem armados".