Ministro admite que uso do SIRESP "tem de ser melhorado" para evitar dificuldades

José Luís Carneiro assinala que a utilização prolongada da rede impede a "entrada de outros operadores" no serviço.

O ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, reforçou este domingo que é necessário um "uso melhorado" do sistema SIRESP para contrariar as dificuldades que têm sido sentidas no terreno.

"Tem sido identificado que tem havido, por vezes, um uso que tem de ser melhorado, nomeadamente o uso por tempo muito demorado da rede, isso cria obstáculos à entrada de outros operadores", assinalou o governante em declarações aos jornalistas à margem de uma visita aos Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande.

Questionado sobre a utilização de telemóveis pessoais por parte dos bombeiros para comunicações durante o combate aos incêndios das últimas semanas, José Luís Carneiro assinalou que essa iniciativa foi "espontânea e por livre vontade".

"Queriam corresponder rapidamente, naturalmente, às situações com que estavam ser confrontados", assinalou, referindo-se aos operacionais no terreno.

"Fundamentalmente, todos concorrem para o mesmo objetivo, que é garantirmos uma rede de comunicações segura e resiliente e é isso que tem vindo a ser feito, em conjugação de esforços, entre todas as entidades", garantiu.

O ministro admitiu, no entanto, que houve "picos de congestionamento" em Pedrógão Grande nas chamadas, mas recusou que o SIRESP tenha falhado.

"A rede SIRESP não falhou. Convém sermos muito claros. Houve picos de congestionamento. Significa que naquele período houve mais de meio milhão de chamadas e a média do tempo de espera em relação a esse pico foi de 3,20 segundos. Aquela que demorou mais tempo, pouco passou de um minuto. A rede não falhou, estamos a falar de um congestionamento nas chamadas que foram feitas ao mesmo tempo e chamadas, sobretudo, a demorarem muito tempo e, por isso, bloquearam outras na entrada no sistema", avançou, salientando que, à semelhança das declarações da secretária de Estado da Proteção Civil, as suas afirmações baseiam-se na "informação que lhe prestaram as autoridades técnicas", pois são elas "que podem validar as matérias de natureza técnica".

"O poder político não se pode pronunciar sem o suporte técnico. É com base num suporte técnico que a senhora secretária de Estado se pronunciou e eu próprio me estou a pronunciar", reforçou.

Confrontado com o facto da informação técnica ser dada por uma das "partes interessada", José Luís Carneiro referiu que "há um registo de todas as chamadas e há prova desse registo".

O governante disse ainda que no momento do "congestionamento", a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil tomou a decisão de "mobilizar duas unidades de comunicações móveis, uma que ficou na Freixianda [Ourém] e outra nos Bombeiros de Ansião", para haver redundância capaz de garantir "que todas as comunicações estavam em sistema de funcionamento".

"Foram mobilizados os meios para garantir a redundância elétrica, de forma a que se algo pudesse acontecer também estivesse salvaguardada a redundância de funcionamento de energia", acrescentou.

O ministro adiantou ainda que "por vezes, nem sempre o uso [SIRESP] é feito nos termos em que deve ser". Por isso, "deve ainda continuar a ser feita formação aos diferentes utilizadores do SIRESP".

"A mim ninguém me contou. Estive no teatro de operações em Ansião. Estive a acompanhar comandantes no terreno e várias vezes tentaram a comunicação através do SIRESP e não conseguiram. A forma de reportar os pontos de situação foi via telemóvel", disse o presidente da Federação dos Bombeiros de Leiria, Rui Rocha.

Segundo relatou, o comandante dos Bombeiros de Alvaiázere "registou na fita do tempo a dificuldade ou a impossibilidade de utilizar esse sistema de comunicações".

"O que foi dito pela secretária de Estado e pelo senhor ministro não me tranquiliza. Aquilo que esperamos de um sistema como o SIRESP, que é um sistema para estar disponível em prontidão, em emergência e em carga forte, é que funcione em muitas comunicações", frisou.

Rui Rocha discordou que haja "falta formação" de quem "utiliza o SIRESP". "Isso é um pouco arrojado".

A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) esclareceu na sexta-feira que a rede de comunicações SIRESP teve "constrangimentos pontuais" durante os incêndios em Leiria este mês, que foram "colmatados" rapidamente.

"No período temporal em que ocorreram três incêndios de grande dimensão no distrito de Leiria, foram reportados à ANEPC constrangimentos pontuais na rede SIRESP, motivados por uma sobrecarga da rede devido a uma deficiente utilização da mesma, e não associados a qualquer problema da estrutura da rede", referia a ANEPC numa informação enviada à Agência Lusa.

A ANEPC explica também que, antevendo possíveis constrangimento a nível de comunicações, foi pré-posicionada no distrito uma viatura de comunicações do SIRESP e que os constrangimentos terminaram assim que foi ativada.

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