Morreu Jaime Serra, histórico dirigente do PCP

Comité Central do partido recorda a vida do antigo dirigente "dedicada à luta contra o fascismo, pela liberdade e a democracia".

O histórico dirigente do PCP Jaime Serra morreu esta quarta-feira, com 101 anos, anunciou o Comité Central do partido, que recordou uma vida "dedicada à luta contra o fascismo, pela liberdade e a democracia".

"O Secretariado do Comité Central do PCP informa, com profunda mágoa, do falecimento, dia 09, aos 101 anos de idade, de Jaime Serra, um dos mais destacados dirigentes do PCP, que dedicou toda a sua vida à luta da classe operária, dos trabalhadores e do povo português. Uma vida dedicada à luta contra o fascismo, pela liberdade e a democracia, por uma sociedade nova, o socialismo e o comunismo", dá conta um comunicado do partido.

Jaime Serra nasceu em 1921 em Alcântara (Lisboa) e tinha completado 101 anos em 22 de janeiro. Era militante do PCP desde 1936 e em 1937, com apenas 15 anos, "foi preso pela primeira vez", de acordo com o partido.

Em 1940, Jaime Serra começou a trabalhar como operário traçador naval no Arsenal do Alfeite, em Almada (distrito de Setúbal), onde trabalhou durante sete anos, passando à clandestinidade em setembro de 1947.

Segundo uma biografia do Museu do Aljube Resistência e Liberdade, publicada no dia do seu centenário, Jaime Serra foi preso também em 1949, depois de se recusar a fazer qualquer declaração, tendo sido "barbaramente torturado".

"Durante meses fica nos calabouços do Aljube à mercê das sessões de tortura, enquanto o inspetor Gouveia profetizava que o iria "vergar". Tal não aconteceu, e Jaime Serra foi transferido para Peniche, de onde foge a 3 de novembro de 1950, com Francisco Miguel. Acaba por voltar a ser preso em dezembro de 1954 e evade-se de Caxias em março de 1956. Após nova prisão em dezembro de 1958, participará na célebre fuga de Peniche, a 3 de Janeiro de 1960, com outros dirigentes comunistas", lê-se na nota biográfica.

"Em 1970 fica responsável pela criação da ARA (Ação Revolucionária Armada), organização do PCP que desenvolve um conjunto de ações contra a máquina de guerra do regime: a bomba no paquete Cunene, a destruição de mais de 20 aeronaves da força aérea em Tancos, a interrupção das comunicações durante a reunião da NATO em Lisboa", acrescenta.

Após a revolução, foi dirigente do PCP assumindo várias responsabilidades. Foi deputado à Assembleia Constituinte e deputado à Assembleia da República.

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