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Duas semanas depois de Catarina Martins anunciar que o seu tempo à frente do Bloco de Esquerda estava a chegar ao fim, surge a confirmação da candidata apoiada pelas caras da continuidade: Mariana Mortágua. A deputada promete liderar uma "alternativa à esquerda" e critica António Costa por agitar "o espantalho" da extrema-direita.
Com António Costa como alvo, Mariana Mortágua considera que a maioria absoluta socialista "desistiu" e "só atira promessas para cima dos problemas". "A maioria absoluta nunca foi outra coisa que não arrogância, intransigência e instabilidade", acrescentou.
E, por isso, Mortágua deixa uma mensagem aos socialistas: "É preciso levar o país a sério".

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À direita, a deputada não vê "qualquer alternativa" com um PSD "perdido" e que apresenta um "programa de desigualdades". O PS está "tranquilo" já que "usa o medo da extrema-direita para garantir uma maioria absoluta perpétua".
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"Não basta pôr um espantalho à porta para governar contra as pessoas. É preciso muito mais do que isso, e essa é a tarefa do Bloco de Esquerda", sustentou.
Desde logo, contra os lucros extraordinários das grandes empresas, a quem Mortágua deixa um aviso: "Não estamos aqui para vos agradar ou dar sossego, o compromisso do Bloco é com quem trabalha, não com quem se recusa a aumentar salários para fazer crescer os lucros extraordinários".
Questionada sobre uma nova versão da geringonça ou a integração num futuro Governo, Mariana Mortágua diz apenas que "não contribui para a especulação", quer, no entanto, responder à maioria absoluta "no imediato".
Luís Fazenda e Marisa Matias apoiam candidatura
Tal como a TSF já tinha adiantado, Mariana Mortágua avança para a liderança do partido, encabeçando uma das moções que vai a votos na convenção marcada para 27 e 28 de maio. A deputada tem o apoio da ainda coordenadora, Catarina Martins, e é o nome mais consensual entre as várias correntes do partido.
No anúncio oficial da candidatura marcaram presença nomes fortes do partido como Luís Fazenda, fundador do BE ou Marisa Matias, eurodeputada.

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O antigo líder bloquista, Francisco Louçã, chegou a lançar Mariana Mortágua para ministra das Finanças, descrevendo a deputada como "uma personalidade brilhante". Mortágua ganhou protagonismo durante a comissão de inquérito à queda do BES.
A 14 de fevereiro, Catarina Martins anunciou que iria deixar a liderança bloquista na convenção de maio, salientando "a instabilidade política" dentro do Governo socialista: "É agora que o BE deve preparar a mudança política que já aí está".
O prazo para a entrega das moções para a convenção termina esta segunda-feira, às 17h00. Para as 15h00 está marcada a apresentação da moção "Um Bloco plural para uma Alternativa de Esquerda - um desafio que podemos vencer!", afeta à oposição interna.

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Notícia atualizada às 12h09