"Não é só no clima que não existe planeta B, é em tudo. Precisamos de um multilateralismo efetivo"

Marcelo Rebelo de Sousa foi a Nova Iorque defender um mundo aberto e com diálogo entre países contra o "isolacionismo, protecionismo, unilateralismo, intolerância, populismo e xenofobia".

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, destacou esta terça-feira o "multilateralismo" como um caminho de sucesso para ajudar a resolver os desafios que o mundo enfrenta. Na Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque, o chefe de Estado português começou por destacar o seu apoio aos objetivos traçados na reunião: "Recuperar da pandemia de forma sustentável; ter em conta os direitos humanos; revitalizar as organizações multilaterais, como as Nações Unidas."

Dirigindo-se a António Guterres, Marcelo destacou também que "numas Nações Unidas 2.0, numa agenda centrada nas pessoas", é necessário responder à pandemia "alcançando a paz e a segurança internacionais, galvanizando a ação climática, atingindo os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável nesta Década de Ação, assegurando a centralidade dos direitos humanos, promovendo a igualdade de género, e equacionando os desafios da transformação digital", sem esquecer os desafios colocados ao mundo pela pandemia e pelos mais recentes desenvolvimentos no Afeganistão.

"O mundo é multipolar", defendeu, alertando que nenhuma potência mundial "tem capacidade para enfrentar sozinha" os problemas que a todos assolam - "alterações climáticas, pandemias, crises económicas e sociais, terrorismo, desinformação" -, pelo que se exige um "compromisso entre nações".

"Sempre que hesitamos quanto ao multilateralismo, sempre que pomos em dúvida o direito internacional, falhamos. Bem o vimos na resposta à pandemia", assinala Marcelo Rebelo de Sousa, que cita as "ideias inovadoras" de Guterres como um bom "roteiro" para o futuro.

Portugal "esteve e estará sempre do lado dos consensos que resolvam as crises e está, como a UE, do lado do multilateralismo, da ONU, da ordem mundial baseada em regras", reforça o chefe de Estado, e "comprometido com a Agenda 2030 e o alívio da dívida externa" dos países mais vulneráveis.

"Portugal não altera o seu rumo", garante Marcelo Rebelo de Sousa, que recorda Jorge Sampaio em Nova Iorque e as plataformas que este criou. "Manteremos o mesmo rumo no caso de nos darem a vossa confiança para um mandato no Conselho de Segurança daqui a cinco anos", garante o líder português, que critica o "isolacionismo, protecionismo, unilateralismo, intolerância, populismo e xenofobia" por inevitavelmente conduzirem a "becos sem saída".

"Não é so no clima que não existe um planeta B, é em tudo." Vinte anos depois do 11 de Setembro, seis anos depois do Acordo de Paris e ano e meio depois do início da pandemia, "precisamos mais do que nunca de um multilateralismo efetivo, não nos discursos, mas nas ações. Não há mesmo mais tempo a perder".

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