"Não está nas nossas mãos." PCP atira responsabilidade para o Governo

O líder parlamentar dos comunistas, João Oliveira, admite na TSF que o limite das negociações do Orçamento do Estado para 2022 "fica colocado onde o Governo decide colocá-lo" e sublinha que o partido fez "um esforço muito grande para encontrar soluções".

O líder parlamentar do PCP, João Oliveira, admitiu esta terça-feira que "até ao último minuto" é possível discutir as respostas para resolver os problemas do país e que o limite para o final das negociações "fica colocado onde o Governo decide colocá-lo". Contudo, depois de meses de negociações que não tiveram um resultado positivo, não acredita que ainda seja possível um acordo com o Governo.

"Não podemos ser nós a dar as respostas que o Governo não quer dar. Esse limite não é um limite que esteja nas nossas mãos", disse João Oliveira em entrevista a Fernando Alves, na manhã TSF, sublinhando que o partido fez "um esforço muito grande para encontrar soluções", nomeadamente na questão do salário mínimo nacional em que o Governo "não sai da posição que tem desde março", mantendo "a perspetiva que tem desde o início".

O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares lamentou na segunda-feira a decisão do PCP de votar contra a proposta de Orçamento do Estado, considerando que o Governo nunca antes tinha ido tão longe nas negociações com os comunistas.

"O Governo lamenta a posição do PCP. Nunca tínhamos ido tão longe no diálogo com o PCP como neste Orçamento", declarou Duarte Cordeiro, depois de ter saudado as posições do PAN e das deputadas Joacine Katar-Moreira e Cristina Rodrigues, que anunciaram a abstenção.

Em resposta a Duarte Cordeiro, João Oliveira considerou que "se tivesse ido mais longe há mais tempo, não teríamos alguns dos problemas que hoje temos".

Exemplificando com a discussão sobre o Serviço Nacional de Saúde (SNS), João Oliveira esclareceu que o PCP pediu ao Governo que, por escrito, apresentasse "compromissos concretos de inscrição no Orçamento do Estado das medidas que pudessem entrar em vigor a 1 de janeiro, para que essas respostas pudessem andar".

"A única coisa que o Governo nos deu foi ideias de regulamentação no primeiro trimestre dessas medidas, quando já sabemos o que isso significa sobre medidas com importância daquelas que têm as medidas do SNS", vincou. "Esse é talvez um exemplo dos mais flagrantes da situação a que chegámos quando temos de decidir se vale ou não a pena abrir o processo da especialidade", acrescentou.

Do ponto de vista do líder parlamentar do PCP, a ideia do Orçamento à esquerda "é duvidosa". "Propostas consideradas isoladamente de forma desarticulada perdem o seu valor", afirmou.

O voto contra o OE2022 é um envelope fechado? Para João Oliveira, "essa questão continua colocada nas mãos do Governo, porque o Governo sabe as matérias que foram levadas a discussão".

"É por falta de respostas do Governo que chegámos aqui e é por falta de resposta do Governo que chegaremos à votação na generalidade nessa mesma situação", rematou.

Na segunda-feira, Jerónimo de Sousa já tinha garantido que não está previsto nenhum encontro no sentido de continuar as negociações para a votação, antes de quarta-feira. O secretário-geral do PCP adiantou que as negociações "duraram vários meses, com uma paciência e um sentido construtivo" do PCP, logo "seria quase um golpe de mágica" a existência de um acordo.

LEIA AQUI TUDO SOBRE O OE2022

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