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Marcelo Rebelo de Sousa deixou um aviso ao primeiro-ministro, no discurso de tomada de posse do novo Governo, pedindo a António Costa que, "com maioria absoluta", o chefe de Governo não "seja trocado a meio caminho". O Presidente lembrou ao Governo de maioria que está atento e é "o garante de estabilidade".
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"Não será politicamente fácil que a cara que venceu de forma incontestável e notável possa ser substituída por outra", atirou.
Marcelo pede ao Governo que "se una em vez de divisão", sem deslumbramentos, para que não seja necessária a intervenção do Presidente da República, "que é uma garante de estabilidade" tal como referiu António Costa ao longo da campanha eleitoral.
O Presidente da República lembrou ainda que "maioria absoluta não é poder absoluto". Os portugueses "deram todos os poderes" ao novo Governo "sem desculpas ou álibis".

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Ainda assim, não há "poder absoluto ou ditadura de maioria", e o diálogo deve ser feito com todos: partidos e parceiros sociais.
Marcelo referiu ainda que os portugueses "podiam ter escolhido manter o que estava" ou "mudar para as forças da oposição", mas "escolheram outro caminho": "Não manter o que havia, mas mudar, dando ao partido de Governo uma maioria absoluta".
O novo ciclo político vai coincidir com os mandatos das autarquias e do Presidente, recordou Marcelo, deixando a pergunta: "O que esperam os portugueses?". Na resposta, Marcelo esclareceu que "é necessária segurança, assim como clareza nas previsões". Sobre a pandemia, diz que Portugal "não pode viver num abre e fecha", referindo-se aos confinamentos.
"Temos de garantir que os fundos de Bruxelas avançam e construam o que há a construir, para que fique mais além das pandemias. Garantir que os filhos e netos não estejam condenados a ser pobres ou a emigrar", disse, assim como "o fim da discriminação".
Na lista de pedidos de Marcelo está a reforma "com brevidade e bem" do Serviço Nacional de Saúde, assim como aposta no crescimento e nas exportações: "Sempre na inovação e na autonomia energética e digital".
O Presidente da República pede, também, "melhor Justiça", assim como uma reforma do sistema eleitoral para que "os portugueses de dentro e fora se sintam representados".

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No início do discurso, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que "o mundo não é o mesmo", com a guerra que se vive no leste da Europa, com a guerra a escalar "na madrugada de 24 de fevereiro".
"Mudámos, mas não foi de repente. Sabemos que a Rússia perdeu com o fim da União Soviética muita da prevalência mundial. Ninguém gosta de passar de potência mundial para potência regional", acrescentou.
Marcelo diz que "o mundo viu-se ao espelho e viu que tinha mudado", depois da entrada da Rússia na Ucrânia, "voltando alguma guerra fria e muito quente para os ucranianos", com mortes, feridos e violações humanitárias.
"Endurecia o confronto Leste-Oeste. A demora a paz podia ser desolador o panorama do crescimento, exigindo correções de expectativas e políticas, pensadas para o mundo antes da guerra", aponta, exemplificando com a necessidade de investimento no armamento e na dependência energética.
O Presidente da República recorda os "atropelos" na escalada internacional, com civis "transformados em alvos". A Europa e os EUA "convergiram", mas têm de tirar ilações, como o investimento no armamento e na dependência energética. Marcelo lembrou ainda a China e a Índia "que têm muito em que repensar".

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