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O primeiro-ministro, António Costa, defende que este era o momento certo para substituir o chefe do Estado-Maior da Armada, o Almirante Mendes Calado, pelo agora Almirante Gouveia e Melo, num processo que foi esta quinta-feira concluído pelo Presidente da República (PR).
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Mendes Calado, que num vídeo publicado no Facebook explicou que deixa a Marinha "não por vontade própria" e assegurou que "até ao último momento" manteve a "mão firme no leme" porque é isso que "mares agitados" exigem. Já esta sexta-feira, confrontado com estas declarações, o primeiro-ministro não quis comentar mas sublinhou entender que a mudança acontece no momento certo, sem colocar em causa o mérito e desempenho de Mendes Calado.

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António Costa quis associar-se "ao louvor que o Presidente da República fez pela forma como exerceu, ao longo destes anos, as suas funções e desejar-lhe as maiores felicidades", revelando que tentou falar com o almirante "por telefone, mas não foi possível".
"Estamos muito gratos e o país deve estar muito reconhecido pelo grande trabalho que o senhor Almirante desenvolveu ao longo destes anos", realçou ainda o primeiro-ministro.
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"Pareceu ao Governo - e o Presidente da República concordou - que era altura de proceder a esta alteração."
"Já aqui há uns meses havia um entendimento de uma saída antes do termo do mandato e, neste momento em que temos novas leis orgânicas a entrar em vigor brevemente" e cuja promulgação ainda está a ser analisada pelo Presidente da República, à qual se junta a entrada "numa nova fase de revisão a lei de programação militar, pareceu ao Governo - e o PR concordou - que era altura de proceder a esta alteração", sublinhou Costa.
Sobre a escolha de Gouveia e Melo para o cargo, o primeiro-ministro explicou que foi uma escolha "entre várias possíveis" de alguém com uma "carreira distinta na Marinha".
"Tem desenvolvido, em inúmeras áreas, inúmeras missões de interesse público, como agora recentemente na vacinação e anteriormente na fase de rescaldo e apoio às populações aquando os incêndios de 17 de junho de 2017", destacou António Costa. O primeiro-ministro não vai marcar presença na tomada de posse de Gouveia e Melo, marcada para segunda-feira, porque nesse dia estará de férias.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, também falou esta sexta-feira sobre o processo e, questionado sobre a mensagem de Mendes Calado, considerou que o militar está a exercer o seu direito de "marcar a sua posição.
"Tive ocasião de agradecer muito ao senhor Almirante Mendes Calado porque, não só logo no início deste ano se mostrou disponível para encurtar o mandato, seria mais tarde e agora foi antecipado uns meses, como o cumpriu até ao fim de uma forma muito brilhante, como toda a sua carreira", assinalou o chefe de Estado, que vai agora condecorar o Almirante Mendes Calado com a Grã-Cruz de Cristo.
Mendes Calado quis, na ótica de Marcelo Rebelo de Sousa, marcar uma posição, sem prejuízo de que "quem exerce o poder, exerce o poder, quem propõe, propõe e quem exonera, exonera".
"Não foi ele que, por qualquer tipo de dissidência, de divergência ou de animosidade tomou iniciativa de pedir o afastamento", garantiu.