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O PSD afirmou esta quarta-feira que saiu da reunião com o Governo sobre as linhas gerais do Orçamento do Estado para 2022 "mais preocupado" do que entrou, dizendo que nem sequer foi apresentado ao partido o cenário macroeconómico completo.
"Não nos foi apresentado todo o quadro macroeconómico, o que esta reunião deixa muito claro é que saímos daqui mais preocupados do que entrámos", afirmou o vice-presidente da bancada do PSD Afonso Oliveira, no final de uma reunião de cerca de meia hora com o ministro das Finanças e o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, no parlamento.
Afonso Oliveira disse mesmo que, pelo que foi apresentado ao PSD, o documento estaria "numa fase embrionária" e, questionado se tal se deveria a ainda decorrerem negociações com os partidos à esquerda, respondeu afirmativamente.
"Para nós isso é claro, não que isso resulte da reunião com o Governo, resulta da incapacidade do Governo de nos apresentar o quadro macroeconómico total, foram apresentadas algumas linhas gerais sobre as quais não nos iremos pronunciar", afirmou.
Ouça as declarações de Afonso Oliveira, vice-presidente da bancada do PSD
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Questionado sobre os sinais prometidos pelo primeiro-ministro neste Orçamento para a classe média e o investimento público, Afonso Oliveira respondeu: "Não ficámos com essa evidência".
"Na segunda-feira analisaremos e avaliaremos o que é apresentado pelo Governo", disse, recusando-se a antecipar o sentido de voto do PSD antes de conhecido o documento, o que acontecerá na próxima segunda-feira.
Questionado por que razão o PSD se diz mais preocupado depois da reunião com o Governo, Afonso Oliveira salientou que "o país vive uma situação difícil" na sequência da pandemia de Covid-19.
"Haverá necessidade de um Orçamento do Estado que seja capaz de responder a este tipo de necessidades e a necessidade de recuperação do país (...) Saímos preocupados porque conhecemos a política do Governo ao longo destes anos, e percebemos que não foi capaz de responder às necessidades das famílias e das empresas. Não há nenhuma razão hoje para sairmos menos preocupados", justificou.
Quanto ao 'timing' do anúncio do sentido de voto do PSD - que votou contra todos os OE deste Governo, à exceção do Suplementar em 2020, focado na resposta à pandemia, em que se absteve -, Afonso Oliveira referiu que o partido tem sempre reservado essa posição para "o momento certo".
"Na próxima segunda-feira entrará o Orçamento do Estado, nessa altura analisaremos o Orçamento e avaliaremos que políticas e propostas são apresentadas. Hoje não as conhecemos", afirmou, acrescentando que são conhecidas as posições do partido em anteriores documentos "negociados com o PCP e BE".
Afonso Oliveira esteve acompanhado na reunião pela também 'vice' da bancada Clara Marques Mendes e pelo deputado Jorge Paulo Oliveira.
Em reuniões na Assembleia da República, que começaram pelas 8:50 e não às 8:30 devido a um ligeiro atraso do Governo, o ministro das Finanças, João Leão, e o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, recebem os partidos "ao abrigo do Estatuto do Direito de Oposição", antecedendo a entrega da proposta do executivo, que dará entrada no parlamento no dia 11 de outubro.
O PSD foi o primeiro partido a ser recebido para conhecer as linhas gerais da proposta orçamental do Governo.
Seguem-se depois, ainda hoje de manhã, o BE, o PCP, o CDS-PP, o PAN, o PEV, o Chega e a Iniciativa Liberal.
À tarde, pelas 16h30, tempo para os encontros com as duas deputadas não inscritas Cristina Rodrigues e Joacine Katar Moreira, respetivamente.
A votação na generalidade do Orçamento do Estado para 2022 está marcada para 27 de outubro e a votação final global do documento agendada para 25 de novembro.