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A líder do PAN foi questionada sobre o debate entre Costa e Rio, durante o qual o líder do PS admitiu constituir um Executivo minoritário, procurando acordos no Parlamento diploma a diploma. Costa falou em particular do PAN, que disse ser o único partido, além do PS, que não contribuiu para a crise política, uma vez que se absteve na votação do OE para 2022.
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Perante este piscar de olho, Inês Sousa Real diz que a frase de Costa revela o reconhecimento de que o seu partido é responsável. "Nós esperamos que o Governo seja capaz de apresentar um Orçamento que antecipe já também as medidas que tinham sido anunciadas para a especialidade, e que seja mais ambicioso na generalidade", salientou, pedindo mais ambição. "Tal como estava o Orçamento, não podemos acompanhar favoravelmente porque, de facto, ele precisava de ser trabalhado em sede de especialidade."
"É precoce estarmos a falar de um Orçamento que esperamos que não seja um mero 'copy paste' do anterior. Não obstante ter lá medidas de diálogo com o PAN, temos de ter mais ambição face aos desafios que temos pela frente, e temos de perceber até onde o Governo está disposto a ir."
A líder Do PAN reitera que está disponível para acordos desde que algumas propostas do partido sejam acolhidas.
Inês Sousa Real falava aos jornalistas no final de uma visita à Associação de Intervenção Comunitária CRESCER, na Quinta da Cabrinha, em Lisboa, no âmbito de uma ação de pré-campanha com o objetivo de divulgar o trabalho feito por esta organização no diagnóstico e tratamento de doentes com Hepatite C.
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Questionada sobre o "piscar de olhos" de António Costa, que quinta-feira afirmou, durante um debate com Rui Rio, que o PS e o PAN poderão somar mais de metade dos deputados, Inês Sousa Real disse que "é o fruto do reconhecimento do trabalho que o PAN tem tido na Assembleia da República".
"Temos sido uma força política responsável, que tem apresentado várias soluções para o país em matérias como o alargamento da tarifa social de energia a mais de cem mil famílias, no apoio às vítimas de violência doméstica, combate à crise climática, com a lei de bases do clima, o alargamento do luto parental; temos estado na charneira daquilo que têm sido as conquistas da Assembleia da República", referiu.
E acrescentou: "É natural que haja esse reconhecimento tendo em conta que o PAN foi a única força política que não atirou a toalha para o chão num momento crítico para o país, que era o do Orçamento do Estado:"
"O país não queria uma crise política por cima de uma crise económica e uma crise também sanitária e o PAN não se furtou à responsabilidade de tentar, pelo menos, que o orçamento do Estado chegasse à fase da especialidade", prosseguiu.
No debate com Rui Rio, Costa recordou que "houve um partido que, juntamente com o PS, não contribuiu para esta crise: o PAN".
A presidente do PAN escusou-se, contudo, a revelar se aceitará fazer parte de uma solução governativa com o PS, remetendo uma resposta para o dia das eleições.
O compromisso do partido, segundo a sua líder, "é para com as suas causas, é o compromisso para o diálogo".
"No dia 30 estaremos disponíveis para conversar e para perceber de que forma é que poderemos avançar mais as nossas causas, estando ou não numa solução governativa", indicou.
E avisou: "Até ao dia 30 não vamos fazer futurologia, no dia 30 vamos perceber qual o resultado eleitoral, quais os compromissos que os partidos estão a fazer. No dia 30 não faltaremos ao país, da mesma maneira que não faltámos no orçamento do Estado."
Sobre o tema da visita que efetuou esta sexta-feira, Inês Sousa Real alertou para o impacto da pandemia de Covid-19 que "arrastou muitas mais pessoas para o contexto de vulnerabilidade e pobreza".
"Portugal tem 2,3 milhões de pessoas em Portugal em risco de pobreza, muitas destas pessoas estão em situação de sem-abrigo e inclusive com comportamentos aditivos", disse, sublinhando a importância de "meios descentralizados e respostas para quem está na rua e tem doenças, como a hepatite C".
E referiu que "estas doenças crónicas e graves têm ficado para trás, por força da Covid-19".
"Desde o primeiro momento da pandemia que já deveriam existir respostas de saúde pública, não só para as doenças graves em contexto hospitalar, mas também a prevenção necessária que deve ser feita, existirem equipas articuladas com as associações para chegar até às pessoas", defendeu.