Parlamento chumba comissão parlamentar para investigar alegada interferência de Costa na banca

Só a Iniciativa Liberal acompanhou a proposta do Chega. PSD insiste em "última oportunidade" para Costa dar explicações e recusa "ir a reboque" do Chega.

A Assembleia da República chumbou, esta sexta-feira, o projeto do Chega para criar uma comissão parlamentar eventual para apurar a alegada interferência política abusiva de António Costa na banca. Na hora da votação, só a Iniciativa Liberal se juntou ao Chega, com PSD e PAN a optarem pela abstenção e todos os partidos à esquerda a votarem contra.

A proposta do partido de André Ventura surgiu na sequência das denúncias feitas, no livro "O Governador", pelo antigo responsável do Banco de Portugal, Carlos Costa, nas quais apontou uma alegada interferência, por parte do primeiro-ministro, a favor da empresária angolana Isabel dos Santos.

Em debate, no Parlamento, André Ventura defendeu que "já houve o tempo das perguntas, já houve o tempo das críticas, e já houve o tempo das insinuações" e que, agora, "é tempo de agir, é tempo de investigar, é tempo de chamar António Costa à responsabilidade".

Ventura deixou uma crítica direta ao PSD, que, esta quinta-feira, decidiu dar uma "última oportunidade" a António Costa, para responder às perguntas que os sociais-democratas lhe haviam feito sobre essa alegada interferência na banca, depois de não terem ficado satisfeitos com a primeira resposta dada pelo chefe do Governo.

"O sr. primeiro-ministro não respondeu claramente às nossas questões e nós insistimos, outra vez, com as questões", constatou o deputado do PSD Hugo Carneiro. "Esperemos que o sr. primeiro-ministro não use agora a prerrogativa de pedir mais trinta, mais sessenta, mais noventa dias - quantos dias forem! - para responder em matéria que é do seu conhecimento pessoal", acrescentou.

A intervenção do deputado social-democrata mereceu, no entanto, escárnio por parte do Chega. "Ou é para fazer oposição a sério, ou andamos aqui a brincar!", atirou André Ventura. "Só falta mandar a cavalo um mensageiro."

Hugo Carneiro não se ficou e, em resposta, quis deixar um recado a André Ventura: "O PSD não anda a reboque do Chega, e isto que fique muito claro".

Pelo PS, coube ao deputado Miguel Costa Matos defender a honra do primeiro-ministro e dirigir acusações à direita.

"Querem reacender a desconfiança na banca?", questionou o deputado socialista. "A troco de quê? De umas insinuações num livro de supostas memórias? De esclarecimentos que foram pronta e cabalmente esclarecidos? De ter-se resolvido o [problema do] Banif em apenas um mês, preservando os depósitos dos portugueses, depois de oito planos de reestruturação chumbados por Bruxelas, depois de terem andado a protelar - porque estávamos num ano eleitoral e não queriam pôr em causa o vosso resultado eleitoral?", continuou Miguel Costa Matos. "Isso é uma vergonha que não podemos esquecer", concluiu.

Recomendadas

Outros Conteúdos GMG

Patrocinado

Apoio de