Combustíveis: partidos não concordam com redução do desconto no ISP e pedem "controlo de preços"

Do lado do Governo, Jamila Madeira afirmou, no Fórum TSF, que o Governo está a fazer aquilo com que se comprometeu.

O deputado do PSD Paulo Rios de Oliveira continua a não entender a opção do Governo de reduzir o desconto do Imposto Sobre Produtos Petrolíferos (ISP) e fala em injustiça.

"Há aqui um modo de proceder do Governo de dissimulação, nada é assumido. O Governo dá com uma mão e tira com a outra ou tira com as duas. O Governo, que arrecada mais milhares de milhões de impostos do que aquilo que contava, não os devolve aos portugueses. Pior: encontra estes pequenos subterfúgios para tentar obter uma carga fiscal que já é elevadíssima", explicou à TSF Paulo Rios de Oliveira.

Já Jamila Madeira, deputada do Partido Socialista e vice-presidente da bancada parlamentar, sublinha que o Governo está a fazer aquilo com que se comprometeu e lamenta a posição do PSD.

"É muito lamentável que o PSD venha com demagogia. Quando este instrumento entrou em vigor, o PSD começou por dizer que era ineficiente, ineficaz e que não servia para nada. Agora vem dizer que afinal serve para alguma coisa e que não podemos corrigi-lo quando estamos em níveis de valores de preços de combustíveis inferiores aos que tínhamos quando iniciámos o autovoucher", atira Jamila Madeira.

O deputado do Chega, Rui Afonso, vê nesta decisão do Governo um mau sinal.

"É um mau sinal que o Governo acabou de dar relativamente às políticas que vai adotar para o próximo ano. Em caso de agravamento são as famílias e as empresas que vão pagar e o Estado que vai usufruir. Esta é uma péssima medida, mesquinha porque em termos orçamentais representa muito pouco. Era completamente desnecessária e, mais uma vez, as famílias e as empresas portuguesas são as grandes prejudicadas", defendeu Rui Afonso.

Do lado do PCP, Paula Santos, líder parlamentar, defende que o Governo tomou a decisão errada, mas ainda pode emendar.

"É necessário aumentar salários e as pensões, recuperar o poder de compra perdido face a esta circunstância, controlar preços de bens essenciais para travar esta especulação e este aproveitamento por parte dos grupos económicos. E, naturalmente, taxar de forma extraordinária os lucros obtidos em particular pelos grupos económicos destes setores", afirmou a comunista.

À semelhança dos comunistas, Pedro Filipe Soares, do Bloco de Esquerda, também defende um controlo de preços.

"A inflação já vinha antes da guerra na Ucrânia e já era muito pressionada pelo setor da energia. Basta ouvir o que dizia António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, em que demonstrava que esse abuso das gasolineiras e das empresas energéticas resultava num aumento da inflação. Se queremos reagir perante isso, a primeira coisa a fazer é meter a mão no abuso que está a existir com o que puxa pela inflação e que leva a um empobrecimento generalizado. O controlo de preço é a primeira das escolhas que qualquer Governo deveria fazer. Claro que obviamente a seguir tem de ir correr atrás do prejuízo e taxar os lucros super elevados que essas empresas tiveram", sublinhou Pedro Filipe Soares.

Por fim, Carlos Guimarães Pinto, da Iniciativa Liberal, receia que o Governo esteja a alimentar a inflação em vez de a combater.

"Esta subida vem completamente em contraciclo. Estamos a ter uma medida que vai alimentar ainda mais a inflação porque quando sobem os preços dos combustíveis, o resto tende a ir atrás precisamente porque os combustíveis são necessários na produção da maior parte dos produtos, incluindo os produtos alimentares. Em vez de combater a inflação está a alimentá-la mais, não só nos custos dos transportes, mas em todos os outros custos", acrescentou Carlos Guimarães Pinto.

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