PCP anuncia voto contra e chumbará Orçamento do Estado

Com voto contra do BE e PCP, PS não chegará para aprovar o Orçamento do Estado.

O PCP anunciou, esta segunda-feira, que vai votar contra o Orçamento do Estado para 2022. O sentido de voto revelado por Jerónimo de Sousa, secretário-geral dos comunistas, vai assim chumbar o documento, na quarta-feira, no Parlamento.

Ainda falta conhecer o sentido de voto do PEV, mas com os votos contra do Bloco de Esquerda e PCP, o PS não chegará para aprovar o Orçamento. O documento tem votos a favor dos 108 deputados do PS, mas 115 contra (a confirmar-se o do BE, que se junta a PSD, CDS-PP, Chega, IL e agora PCP), além de 5 abstenções (PAN e duas deputadas não inscritas).

"Portugal não precisa de um Orçamento qualquer, precisa de resposta aos problemas existentes que se avolumam à medida que não são enfrentados. Há condições e meios para lhes responder. Neste contexto, face ao quadro de compromissos e sinais dados, o PCP votará contra este Orçamento do Estado", revelou Jerónimo de Sousa.

Para o secretário-geral do PCP, os problemas que se acumularam com a pandemia precisam de uma resposta que não pode ser adiada.

"Impõe-se no Orçamento do Estado e noutras opções assumir compromissos e dar sinais claros que apontem à melhoria das condições de vida das pessoas. Quando se exige uma resposta global, nem no Orçamento nem noutras decisões se identificam sinais por parte do Governo que nela se possam inserir. O país precisa de sinais claros quanto a opções que melhorem a resposta", explicou o líder comunista.

Sobre um ainda possível acordo com o Governo, Jerónimo garante que não está previsto nenhum encontro no sentido de continuar as negociações para a votação, antes de quarta-feira.

"Duraram vários meses, com uma paciência e um sentido construtivo" do PCP, logo "seria quase um golpe de mágica" a existência de um acordo.

Medo de ir a eleições? "PCP está sempre pronto a intervir"

Com o provável cenário de chumbo de Orçamento do Estado, o país deverá ter de ir a eleições antecipadas. Um cenário que não assusta o PCP, que diz estar sempre pronto para "intervir e participar nestes combates".

"Se houver eleições por decisão do Presidente da República, nós não batalhámos por eleições, procuramos resolver problemas", afirma, sublinhando que "ainda bem que existe o direito inalienável do povo português de ir exercer o seu direito de voto". "Nesse sentido, a questão continua por resolver. Não é uma situação de crise que impede resolver estas questões de fundo. Estamos com esta garantia de que o povo português pode continuar, em qualquer circunstância, a contar como PCP", disse.

Na opinião de Jerónimo de Sousa, "não é admissível se chutarmos para canto com aquilo que são os problemas reais" dos portugueses, cujas principais preocupação não são as eleições.

"Não vamos por esse caminho", reiterou.

*com Carolina Quaresma e Sara Beatriz Monteiro

Recomendadas

Outros Conteúdos GMG

Patrocinado

Apoio de