- Comentar
João Oliveira afirmou, esta segunda-feira, que as pessoas querem "ter soluções e respostas aos seus problemas" e não "entendimentos entre PS e PSD ou maioria absoluta". No Fórum TSF, o líder parlamentar do PCP referiu que não acredita que António Costa veja feita a sua vontade.
Relacionados
Zé Albino calado, deprimido e "pode ir para Lisboa". Quando o gato é assunto entre Costa e Rio
"As pessoas estão preocupadas em encontrar soluções e respostas aos seus problemas. As pessoas não querem maiorias absolutas, também não querem entendimentos entre PS e PSD, também não querem o regresso da direita. O ambiente que se encontra na sociedade portuguesa hoje é um ambiente de compreensão daquilo que não se quer e de expectativa, apreensão ou de anseio em relação àquilo que pode vir a partir de dia 30", disse.
Ouça as declarações de João Oliveira no Fórum TSF
"A força verdadeiramente determinante é a da CDU. O PSD não é solução. O PSD não é alternativa ao PS", atirou.
O compromisso da CDU para que "a direita não volte ao poder" é "aquilo que resulta da nossa prática e da nossa ação", assinalou João Oliveira.
Subscrever newsletter
Subscreva a nossa newsletter e tenha as notícias no seu e-mail todos os dias
"Nunca foram os votos da CDU que permitiram à direita voltar ao poder. O voto na CDU permite evitar a maioria absoluta, evitar entendimentos entre PS e PSD, afastar a direita e dar força às soluções que o país precisa", sublinhou.
No programa eleitoral do PCP, é defendido que, nesta fase nova da vida nacional, começa-se pelo que se impediu e por tudo aquilo em que houve recuos. O líder parlamentar comunista salientou que, "com a maioria absoluta, ambos os riscos [de não avanços e de recuos] ficam colocados".
O deputado sublinhou que antigos governos de maioria absoluta mostram que esses dois riscos são prementes, e o PCP tem "noção exata das resistências".
João Oliveira receia, assim, que uma maioria absoluta ou entendimentos entre PS e PSD se traduzam em obstáculos aos avanços e haja retrocessos.

Leia também:
Fórum: João Oliveira, do PCP, responde aos ouvintes da TSF
CDU pode fazer a diferença? Exigência do PCP fez "com que em 2017 aparecesse o primeiro OE que previa o aumento extraordinário das pensões"
João Oliveira considera que, com o passar do tempo, as reivindicações que o PCP fazia para viabilizar o Orçamento do Estado (OE) são agora ainda mais prementes.
"Estamos em janeiro de 2022, com exatamente os mesmos problemas que tínhamos em outubro, mas com uma dimensão ainda superior. As nossas propostas de reforço do SNS tinham sido muito úteis e eram muito necessárias em outubro, neste momento são absolutamente urgentes. Tudo aquilo que em outubro era necessário, agora, em janeiro é ainda mais necessário", explicou.
João Oliveira diz que as questões apresentadas pelo PCP para o Orçamento do Estado continuam a ser "necessárias"
O líder parlamentar frisou que "a força da CDU não é indiferente", e acredita que Costa não se pode esquivar a conversar com o PCP. Quanto maior for a força obtida nas urnas, melhor o Partido Comunista se pode bater pelos objetivos identificados, argumentou o líder parlamentar, que vê esta força comunista como uma solução de convergência.
"Uma coisa é aquilo que António Costa diz, outra coisa é o que o povo vai dizer no dia 30", vincou. Para o deputado, há um "processo revelador" da importância do PCP na intervenção na geringonça: em 2016, na discussão do primeiro OE, os comunistas levaram para sede de debate a proposta de aumento extraordinário das pensões, ao que o PS respondeu negativamente, acenando com a lei que atualiza automaticamente o aumento das pensões. Mas, quando este crescimento do apoio se verificou, este era na ordem dos cêntimos, e os "reformados revoltaram-se".
"O facto de termos exigido e o facto de os reformados se terem revoltado fizeram com que em 2017 aparecesse o primeiro OE que previa o aumento extraordinário das pensões."

Leia também:
Direita quer mercado a funcionar? "Ideias vendidas como modernaças são ainda mais velhas e caducas"
João Oliveira voltou também a contestar o facto de alguma direita - IL - "apresentar como novo e inovador algo que é verdadeiramente ultrapassado", e garante que é só "olhar à volta e ver a desgraça que isso causou no mundo".
Mencionando uma "pilhagem liberal no mundo inteiro", que se traduz numa "pilhagem de recursos", João Oliveira afirmou que esta realidade é demonstrada "dramaticamente" pela distribuição de lucros pelas maiores empresas. Em 2020, em ano de pandemia, com a quebra económica, sete mil milhões de euros foram distribuídos em dividendos pelos maiores grupos económicos, elenca.
"Isto é que são as ideias novas? Isto são os retrocessos contra os quais temos lutado nos últimos anos."
"Até que ponto as sondagens refletem aquilo que vai na cabeça das pessoas?"
O líder parlamentar comunista referiu que "o estado de espírito das pessoas não é coincidente com as sondagens". A expectativa da CDU é que o resultado das eleições "confirme o apoio crescente" que o partido sente da população, bem como "vontade de haver mais força para encontrar soluções para os problemas que marcam a vida das pessoas".
O líder parlamentar do PCP considera que as sondagens "não coincidem" com o "estado de espírito" das pessoas
"Até que ponto as sondagens refletem aquilo que vai na cabeça das pessoas?", questionou. "As pessoas querem ter soluções e respostas aos seus problemas e com o voto na CDU, as pessoas conseguem dar esse contributo", afirmou João Oliveira, dizendo que as sondagens "são uma criação artificial".
"As sondagens não correspondem ao que a realidade mostra. As sondagens condicionam a cabeça e as opções das pessoas em função dos números que vão sendo apresentados", disse. "Aquilo que é preciso é que as pessoas resistam a estas tentativas de condicionamento. Se as pessoas forem atrás das sondagens, no dia 31 acordarão mais preocupadas do que estavam no dia 30", acrescentou o líder parlamentar do PCP.
Relativamente à revisão da Constituição, o parlamentar admitiu que os processos de revisão constitucional são sempre momentos críticos para recuos. "Aquilo que nós precisamos não é propriamente de uma revisão da constituição, mas do seu cumprimento", afirmou, lembrando que a Constituição permitiu que os cidadãos vissem os seus direitos garantidos em momentos como os da intervenção da troika. A Constituição comporta um projeto que, levado à prática, pode ser sinónimo de avanço e desenvolvimento, concretiza João Oliveira.