Montenegro anuncia que Pinto Moreira vai renunciar à vice-presidência da bancada do PSD

Saída já tinha sido combinada com o líder do partido, sendo que o deputado deixa também a liderança da comissão de revisão constitucional.

O vice-presidente da bancada do PSD, Joaquim Pinto Moreira, vai renunciar ainda esta quinta-feira ao cargo na organização parlamentar, avançou esta noite o presidente do partido, Luís Montenegro, em entrevista à SIC Notícias.

"O deputado Joaquim Pinto Moreira, que conheço muitíssimo bem e há muitos anos, vai renunciar hoje mesmo à sua posição enquanto vice-presidente do grupo parlamentar do PSD e como presidente da comissão de revisão constitucional", revelou Montenegro.

Alvo de buscas no âmbito da Operação Vórtex, Joaquim José Pinto Moreira foi eleito deputado pela primeira vez nas legislativas de 2022, tendo chegado a vice-presidente da bancada social-democrata na direção de Joaquim Miranda Sarmento, já depois de Luís Montenegro assumir a presidência do PSD.

O líder do PSD afirmou que esta decisão foi combinada com Joaquim Pinto Moreira na terça-feira: "Eu tive uma conversa nesse dia depois das diligências [judiciais] em que ele me procurou, precisamente para tentar perceber o que estava a acontecer."

O presidente da Câmara de Espinho, Miguel Reis (PS), um funcionário desta e três empresários foram detidos na terça-feira por suspeitas de corrupção ativa e passiva, prevaricação, abuso de poderes e tráfico de influências na Operação Vórtex, disseram à Lusa fontes ligadas à investigação.

No âmbito desta operação, a residência de Joaquim Pinto Moreira também foi alvo de buscas.

Na terça-feira, o chefe de gabinete da presidência da Câmara de Espinho, Nuno Cardoso, disse à Lusa que "a investigação incide essencialmente sobre operações urbanísticas realizadas no mandato anterior", versão contestada por Pinto Moreira, que liderou o município entre 2009 e 2021.

Entretanto, hoje, Miguel Reis renunciou ao seu mandato como presidente da Câmara Municipal de Espinho, "na sequência das diligências efetuadas no âmbito da Operação Vórtex".

Joaquim José Pinto Moreira foi eleito deputado pela primeira vez nas legislativas de 2022, tendo chegado a vice-presidente da bancada social-democrata na direção de Joaquim Miranda Sarmento, já depois de Luís Montenegro assumir a presidência do PSD.

Recentemente, Pinto Moreira foi indicado pelo PSD para presidir à Comissão Eventual de Revisão Constitucional, que tomou posse em 4 de janeiro.

Pinto Moreira foi um dos principais apoiantes de Montenegro na sua ascensão à liderança, tendo sido um dos poucos militantes destacados presentes quando este, em janeiro de 2019, desafiou o então presidente Rui Rio a convocar diretas antecipadas.

Escrutínio? "Ato de verdadeiro inconseguimento"

Questionado também sobre a proposta do Governo para escrutinar os governantes, aprovada esta tarde, Luís Montenegro fala numa tentativa de António Costa "de se desresponsabilizar".

"Isto foi um ato de verdadeiro inconseguimento", disse, citando a antiga presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves.

Sobre o futuro do executivo, o líder do PSD defende que, para o partido assumir que o Governo deve cair, é necessário que "os portugueses queiram eleições", garantindo que "não brinca a moções", numa referência às moções de censura com que Iniciativa Liberal e Chega já colocaram o Governo à prova, em apenas nove meses.

"Valorizo as sondagens, são um bom elemento de ponderação e a tendência deixa-me satisfeito. Só numa sondagem é que o PSD baixou o seu valor", afirmou quando questionado sobre a falta de alternativas.

Ainda assim, garante "estar preparado" para ir a eleições e "gostava de ir a eleições com António Costa" e não com Pedro Nuno Santos.

"António Costa devia ser responsabilizado pelos efeitos das políticas socialistas. Vejam-se, por exemplo, o caso da TAP. É um crime político", acrescenta.

Luís Montenegro defende ainda que a administração da TAP "já não tem condições para continuar", tal como o ministro das Finanças, "que está diminuído".

Chega não preocupa

Sobre a relação com o Chega, e o acordo feito nos Açores durante o mandato de Rui Rio, Luís Montenegro responde apenas que "está focado em fazer oposição ao PS".

"O Chega não é minha preocupação. Fazem pela vida deles e eu pela minha. Não tenho nada a ver com os outros partidos, mas quero ganhar os seus eleitores", atira. Perante a insistência sobre um possível acordo futuro com o Chega, Luís Montenegro atira uma resposta "para essa altura".

"Agora, a minha preocupação é zero", acrescenta.

Para já, nas próximas europeias, o líder do PSD diz estar convencido que "vai conseguir a vitória" e adianta que, caso a falhe, "fará uma reeleição".

Luís Montenegro "não tem qualquer temor" de que Carlos Moedas avance para a liderança do partido, afirmando que, dentro de dois anos, "irá a eleições com quem quiser".

Questionado acerca de uma possível candidatura de Pedro Passos Coelho à Presidência da República, Luís Montenegro diz que o antigo primeiro-ministro tem condições para ser "o que quiser na sociedade", pelo que "ele escolherá o que corresponder à sua vontade".

"Tem condições para isso [Presidência da República] e muito mais. Até pode ter cargos internacionais", disse.

Recomendadas

Outros Conteúdos GMG

Patrocinado

Apoio de