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O candidato à liderança do PSD Paulo Rangel defendeu esta quinta-feira que o voto no PS e em António Costa "será um voto inútil", porque não se pode aliar à esquerda e porque, se for líder, recusará qualquer Bloco Central.
"Para mim, enquanto candidato a líder do PSD, está fora de questão dar a mão ao PS e a António Costa e fazer renascer um bloco central de partidos e interesses", afirmou, em conferência de imprensa na sequência do 'chumbo' do Orçamento do Estado para 2022.
Para o eurodeputado, "o voto no PS e António Costa é inútil à esquerda, porque já não há entendimento possível com o Bloco e o PCP".
"Inútil à direita, porque recusaremos sempre uma solução pouco democrática e coxa de Bloco Central", afirmou, classificando-a também como "perniciosa".
Sobre a realidade interna do partido, Rangel considerou que não há "nenhuma razão subsistente para alterar, cancelar, suspender ou anular" a data das eleições diretas no PSD que foram votadas "esmagadoramente" pelos conselheiros nacionais do PSD para o dia 4 de dezembro.
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"Essa data é perfeitamente compatível com a marcação de eleições legislativas nos primeiros meses de 2022", afirma, acrescentando que "o curto mês de campanha eleitoral interna pode ser uma grande, mas grande oportunidade para o PSD apresentar os seus projetos, os seus protagonistas e respetivas equipas e apresentar propostas para o eleitorado em geral".
Por outro lado, Rangel referiu que "a data prevista para o congresso não tem o mesmo requisito".
"O início de janeiro afigura-se demasiado tardio para cumprir aquele prazo razoável para as eleições legislativas", explicou.
"Dou, por isso, todo o meu apoio à iniciativa de mais de seis dezenas de conselheiros nacionais que requerem a convocação do Conselho Nacional extraordinário para antecipar o congresso para os dias 17, 18 e 19 de dezembro", sublinhou.
Na opinião de Paulo Rangel, "é viável o prazo de 15 dias para montar o congresso em termos logísticos".
"Esta antecipação serve de modo idêntico as duas candidaturas", considerou.
O candidato à presidência do PSD apela aos órgãos nacionais, Comissão Política Nacional, mesa do Conselho Nacional e responsáveis e apoiantes das duas candidaturas a que "possam votar nesse Conselho Nacional extraordinário para a marcação da antecipação do congresso e assegurar que as eleições legislativas decorrerão num prazo razoável, racional e rápido".
"Na nossa opinião, o final de fevereiro será um prazo racional, rápido e razoável para a realização das eleições legislativas. Em nada prejudica o interesse nacional uma data que aponte para o dia 20 ou 27 de fevereiro para as eleições antecipadas", indicou Rangel.

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Poiares Maduro e Fernando Alexandre na equipa
Notando que as eleições legislativas estarão, no máximo, a três ou quatro meses de distância, Paulo Rangel sublinhou a necessidade de preparar desde já, além da moção de estratégia, as bases do programa eleitoral.
O candidato à liderança do PSD anunciou então que o coordenador das bases do seu programa eleitoral será Miguel Poiares Maduro e que Fernando Alexandre ficará responsável pela área económica dessas mesmas bases. Contar com estas duas personalidades é, na opinião de Paulo Rangel, uma grande notícia "para o PSD e para o país".
"Forma como Rio tratou Marcelo não é própria de um candidato a primeiro-ministro"
A polémica em torno do encontro com Marcelo Rebelo de Sousa ainda não está esquecida. Questionado sobre a audição, Paulo Rangel lembrou que a marcação das eleições é competência exclusiva do Presidente da República e que, nas audiências que faz com os partidos, apenas está em causa a dissolução do Parlamento.
O Presidente, sublinhou, tem de primar pelas instituições democráticas, pelo que quererá que os partidos vão a eleições com as vidas internas pacificadas, sendo que terá de fazer a arbitragem entre os vários interesses conflituantes. "Tem de conciliar rapidez com a racionalidade, nas datas que escolher" para as eleições.
"A mim nunca me ouvirá, como a outros, a fazer juízos sobre as decisões do Presidente da República", atirou Paulo Rangel, numa referência às declarações de Rui Rio sobre o encontro entre Marcelo Rebelo de Sousa e o candidato à liderança do PSD.
Seguiu-se uma explicação de como aconteceu o encontro com Marcelo: "Apresentei, por iniciativa própria, a minha candidatura à liderança do PSD. No dia seguinte, pedi uma audiência ao Presidente para explicar, por cortesia, essa decisão". Esta é, segundo Rangel, "uma prática corrente entre candidatos à liderança de partidos".
"Não vejo nenhum simbolismo político [no encontro com Marcelo Rebelo de Sousa]", declarou.
A intervenção não terminou sem uma nova censura às palavras de Rui Rio: "Verbero a forma como Rui Rio tratou o Presidente da República. Não acho que seja próprio de um candidato a primeiro-ministro." Seguiu-se um apelo à "serenidade".
"Vamos todos manter a serenidade, vamos deixar os ataques pessoais e manter o respeito pelas instituições pelo Presidente da República", pediu.
"Os eleitores portugueses e os militantes do PSD farão o seu juízo. O que tinha para dizer sobre isso, já disse. Um candidato a líder de um partido deve sempre manter um respeito institucional pelo Presidente da República", rematou.