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O PSD questionou esta quarta-feira o Governo sobre que medidas vai adotar para "mitigar o grave problema de saúde pública" que consideram ser a viciação crescente dos portugueses no jogo das 'raspadinhas'.
Num requerimento entregue esta quarta-feira no Parlamento e dirigido à ministra da Saúde, os deputados do PSD referem que a "popularidade crescente" deste jogo instantâneo o tornou atualmente "num grave problema de saúde pública cuja ausência de políticas públicas merece a maior das preocupações" da sua bancada.
"Está o Governo a acompanhar o crescente número de pedidos de ajuda de pessoas dependentes deste tipo de jogo? Que medidas pondera o Governo adotar no sentido de mitigar este grave problema de saúde pública?", perguntam os sociais-democratas.
Por outro lado, os deputados do PSD questionam o Governo como compatibilizam os alertas dos especialistas "com a mais recente lotaria lançada pelo Governo para financiar a requalificação de património cultural", a chamada raspadinha do património.
No requerimento, os deputados do PSD recorrem a um estudo da Universidade do Minho, segundo o qual, "cada português gastou, em média, 160 euros por ano, um valor bem acima do que gastou, em média, um espanhol, 14 euros".
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"Os números elevados são agravados pelo perfil dos 'jogadores'. São, segundo a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, em 80% dos casos pertencentes a classes sociais baixas", alertam.
O PSD refere que tem havido "um aumento crescente do número de pessoas a pedir ajuda aos hospitais, ao Centro de Apoio a Toxicodependentes e a clínicas privadas".
"Os relatos dos especialistas confirmam a emergência deste problema de saúde pública, sobretudo num contexto de crise, vulnerabilidade e fragilidade, com pessoas a gastarem milhares de euros nestas raspadinhas", referem, acrescentando que a estes se somam os impactos sociais.
Em meados de maio, ficou disponível a lotaria instantânea do Património, um ano depois do previsto, com o objetivo de angariar verbas para o Fundo de Salvaguarda do Património Cultural.
A Lotaria do Património Cultural, que chegou a ser anunciada para o ano passado, foi inscrita no Orçamento do Estado de 2021 para ajudar a responder a "necessidades de intervenção de salvaguarda e investimento", em património classificado ou em vias de classificação, segundo as prioridades definidas pelo Governo para este ano.
No entanto, o processo não esteve isento de críticas: o presidente do Conselho Económico e Social (CES), Francisco Assis, disse, em março deste ano, que iria promover um estudo sobre o impacto social do vício da 'raspadinha', na esperança de que o Governo reponderasse o lançamento da nova lotaria instantânea.
"O Governo deveria reponderar o lançamento de uma nova lotaria instantânea, que está prevista no Orçamento do Estado. [...] Se eu tivesse responsabilidades governativas esperaria, no mínimo, pelo estudo que o CES vai promover", disse Francisco Assis à agência Lusa.