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O líder cessante do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, afirmou, este sábado, que quer "hastear a bandeira da união", rejeitando "ajustes de contas", no início do seu discurso no 29.º Congresso do partido, que decorre em Guimarães.
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"Na minha militância no CDS, nunca houve nem haverá lugar para ajustes de contas. A vingança é sempre o prazer de um espírito mesquinho e amedrontado", declarou, considerando que o momento do partido convoca a urgência de "mobilizar todo o partido para superar a dura realidade" do último ato eleitoral - em que perdeu representação na Assembleia da República.
Francisco Rodrigues dos Santos considerou que será "um ato de amor" qualquer "sacrifício pessoal" que faça e que "permita hoje hastear a bandeira da união", mesmo "com aqueles que nunca estiveram na disposição de o fazer" com a sua direção.
Naquela que foi a sua última intervenção enquanto líder, uma vez que se demitiu e não se recandidata neste congresso eletivo, Rodrigues dos Santos assumiu a responsabilidade "pelos erros cometidos" e manifestou a sua "frustração por não ter sido capaz de conduzir o CDS a um resultado honroso nas eleições legislativas".
"A minha decisão de não me recandidatar à presidência é, neste momento, o único ato ao meu alcance que me permite assumir as responsabilidades pelos erros de todos, libertá-los da culpa, e dar ao partido a oportunidade de inaugurar um novo ciclo sem traumas, concentrando-se na relevante tarefa de reafirmação", sustentou.
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O repórter Francisco Nascimento acompanhou o discurso de Francisco Rodrigues dos Santos
O presidente do CDS-PP dedicou também parte da sua intervenção a justificar o que correu mal, considerando que as causas "são vastas" e começaram com o último Governo PSD/CDS, devido à "impopularidade das inevitáveis políticas de salvação nacional", e passou também por uma "crise de descaracterização e deslumbramento que custou a perda de confiança no povo CDS e o nascimento de novas forças políticas".
"E, por fim, derrotámo-nos numa guerra interna sem precedentes, qual haraquiri partidário, onde o fogo amigo nos feriu de morte e nos alheou por completo do país", criticou.
Fazendo também uma análise do seu mandato, Francisco Rodrigues dos Santos afirmou que "a realidade mostrou-se cruel", afirmando que a sua direção herdou "um CDS falido, dois novos partidos" concorrentes, "o pior resultado de sempre em eleições europeias e legislativas", em 2019, a par da pandemia que "paralisou a afirmação da nova liderança no terreno".
A missão de recuperar o CDS era "uma tarefa quase impossível que, com o agravamento do ambiente interno se acabou por revelar manifestamente impossível", considerou.
O presidente do CDS-PP despediu-se dos militantes visivelmente emocionado e disse que vai "continuar por aqui", acordado para o partido que é "a casa" dos seus valores.
"O CDS não se salva sozinho e precisa de todos. Quero garantir ao congresso que o CDS continuará a ser a casa dos meus valores a morada política do meu coração", afirmou. Rodrigues dos Santos afirmou que nunca foi "de nenhum presidente" e sempre foi "do CDS".
"Não vou andar por aí porque sempre estive aqui e vou continuar por aqui, acordado para o meu partido e com a esperança de que daremos a volta por cima", salientou.
Quando terminou a sua intervenção, Francisco Rodrigues dos Santos acenou em despedida aos congressistas, tendo sido aplaudido de pé por grande parte do congresso.
Notícia atualizada às 14h13

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