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OS dois argumentos apresentados pelo PSD para impugnar a candidatura de Pedro Santana Lopes à Câmara Municipal da Figueira da Foz foram rejeitados pelo tribunal. Os sociais-democratas apoiavam-se em dois pontos da candidatura: a denominação e a falta de prova do número mínimo de proponentes.
Sobre o primeiro, a candidatura do PSD alegava que o movimento independente tem apresentado denominações diferentes numa mesma candidatura: umas vezes 'Pedro Santana Lopes - Figueira a Primeira' e outras vezes 'Figueira a Primeira'.
No despacho judicial - que foi partilhado pela própria candidatura no Facebook -, o magistrado do Juízo Local Cível da Figueira da Foz - Juiz 2 (integrado no Tribunal Judicial da Comarca de Coimbra), explica que, embora a designação 'Pedro Santana Lopes - Figueira a Primeira' não colida com "nenhum preceito legal" por não se cingir ao nome singular e porque esse nome corresponde ao primeiro candidato ao órgão a que se propõe, o grupo de cidadãos só pode, em contexto eleitoral, utilizar "uma denominação".
Tendo em conta o "teor da acta construtiva" do grupo, o tribunal conclui que a denominação oficial da candidatura é 'Figueira a Primeira' e que esta "valerá para efeitos de candidatura nas presentes eleições".
"Assim, deverá improceder o primeiro fundamento da impugnação", conclui também o tribunal.
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Sobre a falta de prova do número mínimo de proponentes, o tribunal explica que "verifica-se a apresentação de 2187 proponentes, estando indicados os dados legalmente exigidos a cada um", sendo que eram necessários apenas 1647 (os 3% dos eleitores inscritos definidos pela Lei Eleitoral) para formar uma candidatura. Com este argumento, o tribunal explica que "daqui decorre que também deve improceder o segundo fundamento da impugnação apresentada".
"Pelo exposto, julga-se improcedente a impugnação apresentada pelo PSD à candidatura do Grupo de Cidadãos Eleitores «Figueira a Primeira»", conclui.
"Devia haver uma entidade reguladora para a aldrabice"
Em declarações à TSF, Pedro Santana Lopes acusou o PSD de o querer afastar da corrida à autarquia e vê a decisão do tribunal como uma derrota em toda a linha para os sociais-democratas.
"O que o PSD quis foi fazer como o dr. Sampaio, mandar-me para casa, acabar com a candidatura. E perdeu em toda a linha", explica o antigo líder do PSD. "É pena a imprensa não saber tudo o que se passa aqui na Figueira [da Foz], devia haver uma entidade reguladora para a aldrabice, mas infelizmente não há."
"Devia haver uma entidade reguladora para a aldrabice."
"O PSD perdeu, ponto. O resto é conversa", sublinhou também o candidato autárquico, que realça que as sondagens "dão-lhes [ao PSD] um resultado com um só número, e baixo".
Sem mencionar Rui Rio, Pedro Santana Lopes assinala que, tal como o primeiro o "primeiro responsável" pelo movimento que lidera é o próprio, também o "primeiro responsável pelo que o PSD fez é o seu líder".
"Isto nunca se viu, virem impugnar uma candidatura de um antigo líder do partido... Não estou a fazer-me de vítima, ganhei!", declarou o antigo líder social-democrata, que questiona o caráter da "gente que está" no PSD.
Santana Lopes questiona "que gente é esta" que está no PSD.
PSD reclama vitória
O candidato do PSD à autarquia vê nesta decisão do Tribunal da Comarca de Coimbra uma vitória. Em declarações à TSF, Pedro Machado revelou ter sido notificado pelo tribunal, que o informou que a candidatura independente liderada por Santana Lopes vai ter de corrigir a designação com que se apresentou.
"O que o dr. Santana Lopes tinha procurado fazer - mais uma vez, uma trapalhada à sua medida - era iludir o tribunal", acusa Pedro Machado, referindo-se às duas denominações distintas apresentadas pelo movimento. "Nós sabíamos que não correspondia à verdade, sabíamos que era um processo todo ele eivado de irregularidades que, do nosso ponto de vista, apontavam para ilegalidades", algo que acabou por ser confirmado por uma juíza.
Pedro Machado explica o que está em causa.
"Cai a pretensão do dr. Santana Lopes de se colocar no boletim de voto, quer da Câmara Municipal, quer da Assembleia Municipal", o que significa que o nome do candidato não vai surgir nos documentos de voto.
O tribunal vai agora notificar o mandatário da candidatura, mas Pedro Machado diz não ter informações sobre o prazo que vai ser dado para a alteração da denominação.
A Câmara Municipal da Figueira da Foz é liderada, desde 2009, por um executivo socialista, que, atualmente, dispõe de seis mandatos contra três do PSD (embora este partido tenha retirado a confiança política a dois dos seus vereadores).
O atual presidente, Carlos Monteiro - que substituiu João Ataíde, em 2019, quando este foi para o Governo - encabeça a lista do PS, sendo também candidatos à câmara municipal Pedro Machado (PSD), Santana Lopes (Figueira a Primeira), Bernardo Reis (CDU), Rui Curado Silva (BE), Miguel Mattos Chaves (CDS-PP) e João Paulo Domingues (Chega).
Notícia atualizada às 20h17