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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, fez na quinta-feira um discurso de elogio e agradecimento a António Guterres, considerando que o secretário-geral das Nações Unidas luta com paixão pelo multilateralismo e nunca desiste da paz.
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Marcelo Rebelo de Sousa falava na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa, no fim da cerimónia de entrega do Prémio Universidade de Lisboa 2020 a António Guterres.
Tratando António Guterres por "querido amigo" e referindo que se conhecem há 55 anos, o chefe de Estado descreveu-o como alguém "excecionalmente culto" e "brilhantíssimo como académico" que "projetou Portugal no mundo e projeta todos os dias e continuará a projetar".
O Presidente da República defendeu que, como secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres "nunca desiste da preocupação climática, como nunca desiste da correção das desigualdades económicas e sociais, como nunca desiste da proteção dos direitos humanos".
"Como nunca desiste da paz. Não desiste. Pode ser uma tarefa difícil, pode haver vetos cruzados no Conselho de Segurança, pode haver o apelo à emocionalidade da guerra, à irracionalidade que vamos vivendo pelo mundo. Pois ele resiste. Ele resiste tenazmente", acrescentou.
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Marcelo Rebelo de Sousa descreveu também Guterres como "um homem de causas", que "luta pelas suas causas com paixão", desde a juventude, quando "atuou nos bairros de lata" e "nas inundações de 1967".
"É com paixão que tenta lutar pelo multilateralismo num tempo de unilateralismo, de egoísmo, de isolamento. É com paixão que ele olha para o futuro, como se tivesse a idade que tinha nos anos 60 ou 70", afirmou.
O Presidente da República realçou que António Guterres foi eleito duas vezes secretário-geral das Nações Unidas, conseguindo "um consenso único" entre "potências que pensam tão diversamente, que têm interesses tão contraditórios".
Classificando-o, uma vez mais, como "o melhor" da geração de ambos, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que Guterres ainda "tem muito para dar".
"Quero dizer, com o conhecimento de ter privado desde há 55 anos com uma pessoa tão excecional, é uma honra pessoal, é uma honra para o país termos um homem como António Guterres, temo-lo como secretário-geral das Nações Unidas, mas temo-lo sobretudo como é, como sempre foi, como sempre será. Obrigado António Guterres", concluiu.
O chefe de Estado não quis falar aos jornalistas após esta cerimónia na Aula Magna, que contou com as presenças, entre outros, do antigo Presidente da República António Ramalho Eanes e do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas.