Ventura "não passa" com Costa: o debate onde se falou de corrupção, vacinas e impostos

O frente-a-frente subiu de tom quando Costa falou sobre a corrupção. André Ventura respondeu com José Sócrates.

No frente-a-frente entre António Costa e André Ventura, o atual primeiro-ministro começou por lembrar que o líder do Chega o define como "o inimigo principal". Costa, "como democrata", não tem inimigos, mas admitiu que "tudo os separa" e André Ventura "com ele, não passa".

O também secretário-geral do PS aproveitou a ocasião para confrontar o adversário político com corrupção, impostos e até sobre a vacina, com o debate a subir de tom quando Costa levou para cima da mesa o tema da corrupção.

André Ventura ainda não tomou a primeiro dose da vacina contra a Covid-19, embora tenha admitido que estava a ponderar tomar o fármaco, e António Costa lembrou que "os políticos têm de dar o exemplo".

"Fico muito preocupado quando vejo adversários políticos como André Ventura, colocar em causa a vacinação. Um responsável político tem de dar o exemplo. Tudo nos separa, comigo o senhor não passa", atirou.

André Ventura puxou pelo Serviço Nacional de Saúde, defendendo que os portugueses "não querem saber se está vacinado ou não", mas sim "se amanhã há um médico no centro de saúde".

"O primeiro-ministro deixou um país com três milhões de consultas por fazer e com um maior risco de falências", atirou.

Forçado a assumir se quer ou não receber a vacina contra a Covid-19, André Ventura "admite que sim", com António Costa a notar um avanço, já que em dezembro, em entrevista à CNN Portugal, o presidente do Chega disse estar "a equacionar".

Assumindo as rédeas do debate, com André Ventura a questionar se o primeiro-ministro tinha passado para a moderação, António Costa quis discutir o programa do Chega, por "ter muitas propostas", disse, com ironia.

"Uma das propostas é promotora da desigualdade", defendeu Costa, por Ventura prometer uma taxa "única de IRS" igual para toda a gente, "independentemente de ser banqueiro, enfermeiro, professor ou polícia".

Na resposta, o presidente do Chega assumiu-se "surpreso por ver Costa tocar na questão", referindo que o atual primeiro-ministro "deu-nos a maior carga fiscal da história".

António Costa desmentiu, recusando ainda que o desemprego tenha baixado "em décimas". Já sobre o combate à corrupção, lembrou que o Governo socialista lançou uma estratégia nacional, mas Ventura faltou ao debate na Assembleia da República (AR).

"No dia 19 de novembro, onde é que estava o Sr. deputado? Faltou à AR. E sabe o que aconteceu nesse dia? Foram votados dois diplomas fundamentais de combate à corrupção", atirou.

Ventura assumiu que "estava numa reunião em Bruxelas", mas as propostas já tinham sido votadas em comissão, mostrando-se "estupefacto", pelo "antigo ministro de José Sócrates trazer a corrupção para cima da mesa".

"É de bradar aos céus. O que o PS tem gerados nos últimos anos é mais despesa com clientelas", disse.

Sobre José Sócrates, Costa garante que "não há filhos e enteados" e "qualquer socialista que viole a lei tem de ser responsabilizado e é uma vergonha para o PS".

O primeiro-ministro assumiu ainda que "o Chega divide o mundo entre bons e maus", e o grande perigo "de partidos como o Chega é quando começam a condicionar e influenciar os partidos democráticos".

Uma mensagem para Rui Rio, com o líder socialista a lembrar a polémica em torno da prisão perpétua, que marcou o debate entre o PSD e o Chega.

Nos últimos minutos do debate, André Ventura acusou Costa de "interferir no processo Casa Pia". O primeiro-ministro lembrou que acusações em debates já valeram uma sentença em tribunal para Ventura.

"Da última vez que fez uma acusação num debate acabou condenado pelo Supremo Tribunal", disse, numa referência à condenação por Ventura ter chamado "bandidos" à família Coxi no debate com Marcelo Rebelo de Sousa, antes das eleições presidenciais.

O Presidente da República convocou eleições legislativas antecipadas para 30 janeiro na sequência do "chumbo" do Orçamento do Estado para 2022, no parlamento, em 27 de outubro passado.

LEIA AQUI TUDO SOBRE AS LEGISLATIVAS 2022

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