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O Presidente da República defendeu esta quarta-feira que a comemoração dos 50 anos do 25 de Abril deve ir além da "celebração contemplativa do passado" e procurar respostas para "as frustrações, desilusões e fragilidades e insuficiências" da democracia, numa viragem "para o futuro".
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"Está nas nossas mãos fazer com que estes 50 anos do 25 de Abril sejam sementes do futuro e não apenas revivalismo do passado", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, na intervenção na abertura solene das comemorações.
O chefe de Estado apelou a que esta celebração, que durará mais de dois anos, não sirva para "afunilar, empobrecer ou excluir", mas para alargar e enriquecer. "Que seja o futuro o nosso desafio fundamental, por aí passa o sucesso ou o fracasso da comemoração, por aí passa ser uma oportunidade ganha ou uma oportunidade perdida", alertou.
No início da sua intervenção, o chefe de Estado assinalou que a atual Constituição, com "45 anos e quase 11 meses de vida já durou muito mais" do que a anterior, de 1933, que era "antidemocrática".

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Lançando a pergunta "para que servirá o caminho que neste dia arranca?", o Presidente da República assinalou que se deve "celebrar o passado do que merece ser celebrado, a luta pela liberdade e democracia durante décadas, a preparar o que viria a ser o 25 de Abril", lembrando as raízes democráticas do início no século XIX e da Primeira República.
Marcelo deu "destaque cimeiro aos que converteram a pré-história em história, os Capitães e heróis de Abril, todos a pensar em futuros muito diversos e até opostos, mas congregando naquele momento único vontades para romper com o passado e construir um futuro novo".
Ainda assim, "o percurso que hoje principia não pode ficar na observação contemplativa do passado", assinalou, pedindo que seja feito "aquilo que só é possível em democracia: perguntar, questionar, repensar, propor, querer mais ambição, mais e melhor democracia e liberdade e também mais igualdade e solidariedade".
Celebrar é também "recordar a diferença profunda e total entre haver liberdade e democracia e não haver, como não houve entre 1926 e 1974", sem esquecer "o que perdemos com o não termos tido, mais cedo, democracia e liberdade" em comparação com outras sociedades "próximas e amigas". Mas esta celebração, assinala, "não deve servir para monopolizar a liberdade, a democracia e a sua evocação", não deve servir para "disputas de glórias e discussões de vaidades", nem para "refazer a história, dela apagando os que tiveram relevo, e relevo diverso".
"Desejo profundamente que seja uma oportunidade ganha, uma vitória da liberdade, uma vitória de democracia, uma vitória de um Portugal de futuro", rematou.